Capitulo 6 - Despertada

A dor era insuportável. Eu me deleitava nela.

Eu só queria gritar “Me mate de uma vez, faça a dor parar...”. Mas minha boca não conseguia dizer isso, quando eu conseguia abri-la a única coisa que saiam eram gritos lacerantes.

Não era como a transformação, que queimava. Dessa vez parecia que estavam me arrancando cada membro, um por um, devagar e dolorosamente. A dor começava nas pontas das unhas do pé, que pareciam estar sendo arrancadas com um alicate, e ia até os fios de meu cabelo, que pareciam estar sendo puxados com tremenda força que até arrancaria meu escalpo.

E eu não conseguia ter noção de tempo. Não sabia quanto tempo havia passado desde que eu fora mordida, e parecia que o tempo não passava, porque por mais que parecesse que o tempo passava a dor não cessava, só aumentava.

Eu já não conseguia me mover, minha boca continuava aberta, os gritos ecoavam, mas eu não conseguia abrir os olhos, não conseguia me mover. Parecia que eu era prisioneira do meu próprio corpo. Até que o som dos meus gritos foi sumindo, e a pouca consciência que eu tinha se foi.

Então tudo mudou. A dor, antes insuportável, agora piorara. Parecia que algo me rasgava de dentro para fora. E a dor ia aumentando, aumentando...

Então a pouca sanidade que sobrara se foi,e toda a escuridão em que meus olhos se encontravam foi clareando, a dor foi cedendo, e quando eu reconheci o lugar em que meus olhos se abriram, não era na casa em que eu estava antes. Era em La Push. E eu ainda era uma vampira.

- Vem Bella! – Jacob segurava minha mão e corria pela praia, adentrando na floresta. – Agente tem que ir agora – Ele dizia desesperado.

- O que foi jake? O que está acontecendo? Eu... – Ele me interrompeu e parou de correr, soltou minha mão e me encarou. Ele abriu um sorriso, e então eu tive medo. Aquele não era o sorriso dele. Havia algo de sinistro naquele sorriso.

- Agente tinha que ir pra longe deles... – Ele disse passando a mão devagar pela extensão do meu rosto.

- Deles quem Jacob? O que está acontecendo? Por que você está tão... – Eu não consegui encontrar a palavra certa.

- Diferente? – Ele completou rindo e o sorriso dele mudou para uma feição triste. – Preciso te apresentar alguém Bella. – Ele disse sério, e uma garota saiu da sombra. Deus, ela era linda. Tinha a pele morena e os longos cabelos pretos caiam até os joelhos. Seus olhos eram de um azul extremamente claro, contrastando com sua pele morena, dando um resultado incrível. Ela era estonteante. – Está é Shaunee. – Ela sorriu e me estendeu a mão.

- Prazer Bella, sou Shaunee. Shaunee Black. – Eu apertei a mão dela e ela sorriu, e quando eu olhei para Jacob tentando entender quem era ela, então ela continuou a se apresentar. – Sou a Imprinting do Jacob.

Quando ela disse as palavras “Imprinting” e “Jacob” na mesma frase, meu mundo desabou.

- Desculpe Bella, eu não... – Shaunee tentava dizer com uma expressão de dor. – A culpa não foi minha. – Ela chorava.

- Bella eu... – Jake suspirou e me abraçou. As lágrimas jorravam dos meus olhos e eu me apertei muito no abraço, provavelmente o último. – Você vai achar alguém melhor. – Ele disse sem me soltar.

- Esse é o problema Jacob. – Eu disse o soltando e encarando sue rosto preocupado. – Eu não vou achar alguém melhor. Você é melhor. – Então ele me olhou com espanto e Shaunee colocou as mãos na boca abafando um grito.

- Bella... Seu rosto... – Eu levei a mão no rosto e a olhei. Sangue. Minhas lágrimas eram de sangue.

- Eu não posso sangrar, eu estou morta e... – Quando eu ia continuar uma forte dor me tomou e eu arfei para frente, caindo no chão antes que os dois pudessem me segurar. E então me coração bateu. O sangue correu rápido demais pelas minhas veias e a necessidade de respirar me tomou. Então eu vi que Shaunee tinha se assustado e caído sobre uma pedra e cortado o braço. E saia sangue. Muito sangue. O cheiro penetrou nas minhas narinas, e ao invés da sede que deveria me tomar eu torci o nariz com aquele cheiro desagradável. Ferrugem com sal.

- Odeio cheiro de sangue. – Eu disse e desmaiei.

Então a consciência foi voltando aos poucos – junto com a dor. Fui me dando conta de onde estava e da transformação. Então senti a dor diminuir. Aos poucos ela foi cedendo, começando dos dedos dos pés, que agora eu podia mexer. Então eu ouvi uma voz familiar.

- Olha! Os pés dela, ela estão mexendo, ela está acordando! – A voz era de Carol, e Lyah fez coro a ela.

- Verdade, deve estar acabando... – Ela suspirou.

- Será que deu certo? – Carol perguntou preocupada.

- Deu certo. Se ela não tiver virado humana virou meio-humana. Ouça o coração dela. – Lyah disse animada. – Falando nisso, será que se você... – Ela começou a perguntar.

- Posso tentar. – Carol disse baixinho. – Mas Será que ele vai me querer? – Ela suspirou e eu me assustei com a súbita mudança de assunto.

- Carol, você o ama desde que nos transformamos. Vai fundo gata! – Lyah disse, e eu não consegui entender de quem elas falavam. – Agora que o Edward está sozinho, tente conquistá-lo! – Lyah dizia animada. Ah. Então era dele que elas falavam.

- Mas será que a Bella vai ligar? – Eu? É claro que não, mas eu não podia dizer isso a ela no momento, eu teria que esperar.

- Se liga prima, ela deu um fora nele. Hello! Cai matando fofa! – Eu nunca tinha visto Lyah assim, ela e Carol pareciam duas adolescentes.

- É você tem razão. – Elas então se calaram.

Então eu senti o movimento voltando aos meus braços, e devagar até minha cabeça, e quando a dor estava quase sumindo, senti uma pontada no peito que me fez arquear o corpo para frente, gritando de dor.

- Chame a Mary, enquanto eu cuido dela. – Lyah disse a Carol. – Flor, você está bem? – Ela perguntou me ajudando a encostar as costas na cama.

- Sim, quer dizer, não. Quer dizer, eu não sei... – Eu disse a olhando, confusa. Ela sorriu e deu um grito.

- Deu certo! Ela é humana! Ah! Eu sabia! – Ela me abraçou. – Você conseguiu! Quer dizer, a Mary conseguiu. – Ela torceu a cara.

- Me ajude a levantar... – Eu disse colocando os pés para fora da cama e segurando no braço de Lyah – Ainda estou meio tonta... – Lyah me ajudou a ficar de pé, e eu dei alguns passos. Percebi que tinha dado certo e eu era humana. Completamente humana. Sem sede de sangue, super audição, visão... Nada. Mas eu me olhei no espelho do quarto e vi que minha aparência continuava como antes, como de vampira, a não ser pela minha pele que já não estava tão pálida. Senti meu escudo ainda em mim. Ótimo! Eu ainda tinha ele comigo... Mary entrou no quarto e me abriu um sorriso. Ela veio até mim e me abraçou.

- Ah Bella! Eu sabia que ia dar certo! – Ela me soltou e continuou pulando de alegria.

- Obrigada... Vou ser grata a vocês pelo resto da minha vida! – Eu disse sorrindo de ponta o ponta para as três. – Mas... Porque vocês fizeram isso? – Eu perguntei me sentando na cama. Por mais feliz que estivesse com o que elas tinham feito por mim, eu ainda não conseguia parar de pensar nas razões que as fizeram me ajudar.

- Agente só fez o que era certo... E eu sei o que querer alguém mais que tudo e não poder ter por causa do que você é... – Mary suspirou e sentou ao meu lado. – Antes de eu me tornar vampira, eu gostava de um cara, Luiz. – Ela pareceu segurar o choro ao dizer o nome - Nunca tive coragem de dizer, tinha medo da rejeição dele... Então um dia eu decidi dizer a ele, e lá fui eu, e o que eu não imaginava é que tudo daria certo. Ele disse que estava começando a se apaixonar por mim também, mas não tinha coragem de falar. Eu fui embora para casa eufórica, mas o que eu também não imaginava era que um bêbado infeliz ia me atropelar, e para salvar minha vida um vampiro que passava me transformou. – Ela deu uma pausa e pareceu sofrer com a lembrança. Quando eu vi no que tinha me tornado, eu não acreditei: Eu não queria acreditar. Toda a vida pela qual eu lutara para construir, acabada. Quando eu fui até o rapaz ele não acreditou no que eu era... E quando eu o mostrei, ele ficou horrorizado, me implorou para achar um jeito de voltar ao normal... Eu sabia que não teria jeito, mas prometi a ele. Prometi que tudo ficaria bem, e que eu ia dar um jeito. “Por nós”. – Ela fitava o chão até então inexpressivamente, até que eu vi uma pontada de dor em seu olhar. – A gente se via sempre, mas não era igual. Então a Lyah ficou doente, e eu não suportaria perder a única pessoa que me aceitou do jeito que eu era. – A olhei-a em dúvida e ela captou meu olhar - É nós somos mesmo irmãs de sangue... – Ela disse e eu fiquei surpresa, achei que eram irmãs apenas de consideração, como Edward e Alice – Então eu pedi ao mesmo vampiro que me transformou me transformasse, e assim ele fez. Alguns dias depois nós descobrimos sobre nossos dons e eu fiz agente ser meia-vampiras e talz. Então eu corri para ver o Luiz, tinha mais de três dias que agente não se via, e eu tinha que mostrar a ele a novidade, mas então... Quando eu cheguei a casa dele, ele estava morto. – Ela fechou os olhos com força – E havia um bilhete junto do corpo dele... – Ela abriu os olhos e se virou para me encarar – “Tudo tem um preço” dizia o bilhete – Eu não entendi o significado até que ela continuou – O filho-da-mãe que me salvou e salvou a minha irmã o matou. – Ela respirou fundo – Nunca vou viver em paz em saber que ele morreu por mina culpa e que nunca cumpri a promessa. – Quando eu ia perguntar por que ela não o reviveu com seu dom ela continuou – Não dava mais para revivê-lo, era tarde demais. Meu o coração voltar a bombear o sangue, mas não tinha mais sangue nele, e já tinha passado muito tempo de sua morte.

- Não foi sua culpa. – Eu disse confortavelmente.

- Se ele não tivesse me salvado agora Luiz estaria vivo. Não tente discordar é verdade. – E era verdade, mas eu fiquei apenas calada. – Eu o amava tanto... Mas agora nem importa mais. – Ela fingiu que nada tinha acontecido e se recompôs – Agora entende?

- Aham. Eu achei que tinham me ajudado por causa da Carol. – Ela em olharam com o ar de quem não entendia nada – Por que ela gosta do Edward e talz... – Elas me olharam surpresas – Eu nem me importo. Ah, e desculpem-me ouvi a conversa de vocês. E Carol, vai fundo... Eu te ajudo. Faça ele feliz. – Eu sorri e ela sorriu de volta.

- A propósito, comprei duas passagens para o Brasil Bella. Eu ia para Forks, mas não vou poder mais... Pode ficar com uma se quiser. – Lyah disse gentilmente – O vôo saí as três horas da tarde, o que te dá... – Ela olhou o relógio e depois olhou para mim novamente e continuou – Uma hora até o vôo.

- È... Peraí. Você disse duas passagens... – Eu disse confusa e Carol levantou a mão.

- Presente! Sou eu que vou... – Ela sorriu e eu nem perguntei por que ela ia: Estava na cara. Então eu comecei a piscar rápido, e de repente bocejei. Foi estranho eu não estava acostumada a sentir sono. E eu sentia falta de sentir sono.

- Eu vou tirar um cochilo, na hora de ir me acordem OK? – Elas assentiram e eu me deitei de novo na cama, mergulhando num mar de sonhos pela primeira vez em um ano. Eu já tinha me esquecido de como era bom dormir. E sonhar.

Autora:Mary_Twilighter