Capítulo 14 - Confronto

(POV NESSIE)

- JAKE, SEU CACHORRO VIRA-LATA, POSSO SABER POR QUE BELLA ESTÁ FAZENDO ESCUDO EM VOCÊS? SE ENCOSTOU UM DEDO SEQUER EM MINHA FILHA, EU TE MATO!!!

A forma como meu pai entrou naquela sala deixou bem claro que a coisa seria pior do que pensei.

Tudo bem que eu era sua única filha e que eu e meu namorado tínhamos posto as mãos em “lugares” que não devíamos, mas isso era pouco para justificar a ira dele. Tinha de haver algo mais... algo que eu desconhecia. Pela forma que ele encarava Jake, percebi que por trás daquela harmonia que eu acreditava haver entre os dois, tinha muita raiva, mágoa e, para meu desespero, ódio.

Eu estava preste a descobrir a verdadeira história que envolvia os Cullen e os Black.

Jake ficou de pé assim que meu pai entrou gritando. Assumiu uma posição defensiva, me empurrando para que ficasse atrás dele.

Aquilo deve ter deixado meu pai mais furioso ainda.

Com muito custo, consegui pronunciar algumas palavras.

- Também senti sua falta, pai. – Sabia que meu sarcasmo poderia piorar a situação, mas às vezes era inevitável. Ele me tirava do sério com seu ciúme idiota.

Tudo o que queria era a presença de Tio Jasper para harmonizar o ambiente, mas sabe-se lá Deus onde o infeliz estava. No mínimo, no quarto, com Tia Alice. Depois eu que era a “perva” da família.

- Edward, controle-se e cumprimente sua filha. – Minha mãe estava possessa. Me abraçou apertado e me deu um beijo no rosto.

- Estava morrendo de saudades, Nessie.

- Eu também mãe. Espero que tenham se divertido.

- Fui tudo maravilhoso, filha.

Meu pai me abraçou e me deu um beijo na testa, mas não disse nada. Em todo o momento seu olhar fitava Jake, que permaneceu em silêncio.

- Edward, gostaria de conversar com você e Bella. – Jake falou sério.

- SÓ QUERO SABER SE QUABROU O ACORDO, O RESTO NÃO IMPORTA. – Meu pai gritava feito um louco.

- Edward, meu filho, ouça o que ele tem a dizer – meu avô falou.

Acho que meu pai nem ouviu o que Carlisle disse.

- Eu não quero falar sobre um contrato, Edward, quero falar sobre Nessie, sua filha, minha namorada.

- QUEBROU OU NÃO QUEBROU? – A postura corporal do meu pai foi mudando. Ele estava tomando posição de ataque.

Olhei desesperada para minha mãe. Ela segurou o braço dele delicadamente, num pedido silencioso de calma.

Quando me virei para Jake, foi impossível não notar os tremores em suas mãos. Ele se transformaria a qualquer momento. Eu estava a um passo de ver duas pessoas que eu amava lutarem até a morte por mim.

- EU QUEBREI, PAI... EU!!!!! – Gritei, batendo a mão no peito. – FUI EU QUE PEDI A JAKE QUE ME TOCASSE. “EU” O SEDUZI. SE QUISER ACHAR UM CULPADO, ESSE ALGUÉM SOU EU!!! SE QUISER TRANSFORMAR OS MELHORES MOMENTOS DA MINHA VIDA EM MOTIVO DE GUERRA, FAÇA, MAS SOU “EU” QUEM VAI TER DE MATAR. “EU” QUEM TE ENVERGONHEI, “EU” QUEM TE DEVIA OBEDIÊNCIA... JAKE FEZ APENAS SEU PAPEL DE HOMEM. – Sabia que tinha ido longe demais, mas precisava defender Jake.

Meu desabafo fez os dois se acalmarem.

Os olhos do meu pai estavam negros quando me fitaram.

- Você é só uma criança, Nessie. Não sabe o que está fazendo. – Era a primeira vez que falava baixo, mas sua voz ainda demonstrava o ódio que estava sentindo. – Mas ele não é – disse, apontando para Jake. – Ele é um canalha aproveitador, que não conseguiu a mãe, agora vai tentar a filha.

- EDWARD!! – Minha mãe gritou indignada.

- O que vo... você di... disse pai? – Meu pai tinha acabado de insinuar que Jake tinha sido, ou ainda era, apaixonado por minha mãe? Eu tinha ouvido certo?

- Se vai jogar sujo dessa maneira, Edward, deixe-me pelo menos conversar com Nessie antes. – Jake estava com a cabeça baixa.

Meu pai levou a mão à nuca e enrugou a testa, num gesto de quem tinha feito algo do qual se arrependia.

- Nessie, querida – minha mãe segurou em meus ombros – vamos deixar os dois conversarem. Seu avô ficará aqui para evitar qualquer confronto físico entre eles. Vamos para seu quarto.

- Vocês acham que podem insinuar uma coisa como esta e depois agirem como se nada tivesse acontecido? Realmente ainda acham que eu sou uma criança... Só saio desta sala quando souber que história é essa da Jake não ter conseguido você, mãe. O que é que não estou sabendo?

- Nessie, meu amor, isto ficou no passado. São histórias passadas que não têm mais nenhum sentido. Só iriam te aborrecer sem necessidade. – Jake estava quase tão branco quanto meu pai.

- Se elas têm sentido ou não, quem vai decidir sou eu. Se envolvem meu namorado e minha mãe, eu quero saber. – As lágrimas já escorriam de meus olhos sem que eu pudesse fazer nada para impedi-las.

Meu pai se aproximou de mim e passou a mão no meu rosto, enxugando-as.

- É só um ciúme bobo que tinha da amizade deles, Nessie. Falei aquilo porque estava nervoso. Releve, por favor, não tem fundamento nenhum.

- Olhe, - continuou – vamos deixar as coisas como estão. O que aconteceu entre vocês, aconteceu... não posso fazer nada para mudar. Talvez devamos apressar este casamento, mas vamos esfriar a cabeça primeiro, antes de tomarmos qualquer decisão.

Que estavam escondendo algo muito grave de mim, eu não tinha dúvida, mas se meu pai estava disposto a esquecer meu “pega” com Jake por causa disso, então era melhor fingir que nada tinha acontecido. No momento certo iria querer saber de toda aquela sujeira que tinham empurrado para debaixo do tapete. Eu estava fazendo apenas uma “retirada estratégica”.

- Tudo bem, pai, deixa pra lá. O que passou, passou. Só quero ser feliz ao lado de Jake e viver em harmonia com vocês – disse, tentando fazer uma cara convincente de que tinha esquecido aquela conversa absurda.

- Você me faz perder a cabeça, Nessie. Ainda vou acabar fazendo uma besteira por causa de seu comportamento.

- Pai, não precisa perder a cabeça, porque eu não perdi nada, viu? Se é que me entende... – Falei, sem graça.

- Menos mal, Nessie... menos mal. – Ele saiu da sala olhando pro chão. Minha mãe o seguiu.

Olhei para Jake e ele parecia perdido em seus pensamentos.

- Pronto, Jake, desta vez nos livramos ilesos – Falei rindo.

- Assim espero, Nessie. – Uma sombra de medo e dúvida pairava no seu olhar.

Talvez o melhor mesmo fosse não remexer no passado. Algo me dizia que muita dor e lágrimas me aguardavam ali.

Jake foi embora e eu subi para meu quarto. Fazia um silêncio quase fúnebre na casa... talvez estivesse diante de uma daquelas calmarias que antecediam uma grande tempestade.

Autora: Valentina LB