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Capítulo 3 - Laços de Sangue

Dirigi calmamente até a cidade, por mais que eu gostasse de velocidade, desta vez eu queria tempo. Tentei organizar meus pensamentos, pensar no que eu diria, formei vários e vários textos em minha mente.
Forks era uma pequena cidadezinha de interior, tão diferente do que eu estava acostumada. O dia estava frio e uma névoa densa indicava chuva novamente. Estacionei em frente a uma lanchonete, desci do carro e entrei. Uma garçonete gentil atendeu-me, perguntando se eu precisava de alguma coisa.
- Sabe onde posso encontrar o Dr Carlisle Cullen?
- Bem, a está hora, provavelmente está no hospital. Você é parente dele?
- Sim, de certa maneira. Poderia me dizer como chegar ao hospital, sou de fora da cidade, não conheço nada por aqui.
- Claro, no final desta avenida, vire a esquerda e siga em frente, o hospital fica na saída da cidade, ao norte.
- Muito obrigada, a senhora é muito gentil.
O caminho até o hospital, foi mais curto do que eu gostaria. Na verdade acho que preferia que fosse um caminho sem fim. Fiquei ali, no estacionamento, esperando a coragem chegar. Meu coração acelerado, quase saindo pela boca. Ele estava tão próximo, meu pai.
Depois de um longo tempo, decidi que a coragem não viria. Então desci, e caminhei até a recepção. Dei um longo suspiro, e dirigi-me a recepcionista.
- Com licença, sabe dizer-me onde posso encontrar o Dr Cullen?
- Claro! Está no fim do corredor, à direita, na emergência.
Andei pelo corredor, escorando na parede, parecia que iria cair. Eu me sentia como se fosse desmaiar, meus pés pesavam toneladas.
Foi quando todas as minhas táticas de aproximação e minhas frases feitas cairam em terra. Ele estava lá, à minha frente, de jaleco branco, seu cabelo louro claro reluzindo, uma pele branca como osso e um sorriso gentil nos lábios. Com certeza, era ele. Meu pai. Um nó no estômago e um arrepio na espinha. Não dava mais para fugir.
- Pai!
Foi só o que consegui dizer, antes de me atirar em seus braços. Ele retribuiu gentilmente o abraço, mesmo sem entender o gesto. Eu não sabia o que dizer, não conseguia pensar em nada. Só conseguia chorar, chorar e chorar. As lágrimas desciam tão rápido que embargaram a minha voz, eu tentei me explicar, em vão. Diante de minha tentativa atrapalhada de explicar, ele entendeu. Eu estava com problemas.
Ficamos ali, no meio da sala da emergência, eu agarrada ao seu pescoço e ele me pedindo calma e afagando meus cabelos. Depois de alguns minutos, consegui recobrar um pouco da dignidade que ainda me restava e tentei explicar novamente – Afinal, o que aquele homem pensaria de mim, eu nem o conhecia.
- Me desculpe Doutor, não sei o que dizer na verdade. Preciso lhe contar algumas coisas, sei que deve estar confuso. Podemos conversar um pouco?
- Claro querida! Imagino que tenha muito a me explicar, e que deva estar com problemas também. Venha, vamos até o meu consultório.
Ele então conduziu-me gentilmente, com a mão em meu ombro, até um corredor estreito cheio de pequenas salas.
- Pronto! É aqui! Vou encostar a porta, apenas para que fique à vontade para falar, certo?
Entrei em sua frente, e sentei-me em uma das cadeiras destinadas a seus pacientes. Era estranho estar do outro lado da situação.
- Obrigado! Não sei por onde começar, estou tão nervosa!
- Começe do princípio. Porque veio procurar a mim? Precisa de ajuda médica? Ou veio me ver por algum motivo especial?
- Um pouco dos dois! Vim porque preciso de ajuda médica, mas também vim por algo especial. Precisava de sua ajuda, apenas sua.
- Então me diga, o que exatamente você sabe a respeito de mim?
- Eu diria que temos muitos segredos em comum.
- Seja um pouco mais clara, não vou conseguir te ajudar se não me disser a verdade.
Bom, esta era a parte mais difícil. Como eu diria a ele que sou sua filha! Será que ele se lembraria de toda aquela história, depois de tantos anos. De qualquer maneira, eu precisava começar de algum lugar. Meus olhos estavam baixos, quase no chão, eu não conseguia encará-lo. Minhas mãos suavam frio e não ficavam paradas sobre a mesa. Foi quando ele as segurou, seu toque frio era tão carinhoso, tão delicado. Era tão bom estar ali, eu sentia como se pela primeira vez, tudo estivesse completo. Meu coração se acalmara assim que suas mãos tocaram as minhas. As palavras praticamente brotaram em minha boca e eu as despejei de uma só vez:
- Sei que é estranho e vou entender se achar que eu sou louca, mas a verdade é que sou sua filha.
Eu mesma não conseguia acreditar no que acabara de dizer! A pior parte eu já havia falado. Levantei cuidadosamente os olhos, me preparando para a cara de espanto, talvez pena que ele provavelmente teria no rosto. Para minha surpresa, ele estava sereno, com os olhos de ouro tão quentes, tão sinceros. Com um meio sorriso nos lábios ele me respondeu:
- Qual é o seu nome, menina?
- Satine Volturi
- Disse Volturi? Estranho você não me parece uma... quantos anos tem Satine?
- Muitos.
- Impossível! Veja sua mãos é macia e quente, está até suando. Não pode ser uma de nós.
- Lembra-se de uma moça chamada Marie? Você a conheceu em Chicago, muitos anos atrás, no hospital.
Os olhos de meu pai congelaram naquele momento, era como se ele visse através de mim. Estaria ele lembrando-se de minha mãe?
- Será possível? Quer dizer, não deveria ser possível, eu já tinha muitos anos, não poderia, não deveria. Como pode ser?
- Bem doutor, essa parte é bem complexa, não sei como pode, mas sem dúvida pode! Eu estou aqui.
- Então foi isso, por isso ela estava tão estranha, por isso estava feliz. Eu fui leviano e tolo, a abandonei. Como eu pude não perceber?
- Como você poderia perceber se nem mesmo imaginava ser possível.
- Mas eu não entendo, como você pode ser uma Volturi? Sua mãe não era uma de nós! Eles a pegaram? A machucaram?
- Está é uma longa história. Tem tempo?
- Todo o tempo do mundo! Mas antes de continuarmos esta conversa, você me disse que precisava de ajuda médica. Porquê?
- Acho melhor eu lhe mostrar, pode me ajudar, por favor?
Levantei-me e virei de costas para que ele pudesse me ajudar com o casaco. A blusa que eu usava por baixo era decotada o suficiente para que ele entendesse sobre o quê, eu estava falando.
- Este não é o que me preocupa. O pior está no dorso. Acha seguro que eu lhe mostre aqui?
- Não! Melhor irmos para outro lugar. Minha casa talvez. Um minuto.
Meu pai sacou um celular do bolso e discou um número da memória.
- Esme? Alguém em casa? É que tenho um assunto importante para resolver, em segredo. Obrigado, querida. Eu também a amo. Estarei aí em um minuto.
Ele ajudou-me a vestir novamente meu casaco e com a mão em meu ombro, sinalizou para que eu o acompanhasse.
- Venha querida, vamos até minha casa, tenho um consultório montado lá para emergências desse tipo. Fique tranquila, estaremos sozinhos, minha esposa irá dar um passeio, ela adora colher flores na campina. E meus filhos estão na escola, só chegarão mais tarde.
Eu o acompanhei até a recepção, onde ele avisou que teria de se ausentar e pediu que outro médico o substituísse. Pela gentileza da recepcionista com ele, imaginei que me pai era muito querido.
- Você está de carro, Satine?
- Sim! Mostre-me o caminho. E eu o sigo.
Ele dirigiu-se a um Mercedes preto muito elegante, enquanto eu fui para o meu Nissan. Segui o caminho indicado por ele até o fim da estrada principal, para sair em uma ruazinha estreita, em meio as árvores da floresta. Deve ser mal de vampiro fixar residência em lugares tão escondidos!
Paramos na bela casa envidraçada. Ele na garagem, de onde pude entender o comentário de Jacob, com relação a nosso gosto por carros de luxo. Eu no gramado em frente à escadaria da porta principal. Desci do carro, ele me esperava ao pé da escada, com a mão estendida:
- Venha Satine, entre e seja bem vinda! Está é sua casa também, sempre que quiser.
- Obrigado.
Era uma bela casa, sem dúvida. Muito bem decorada e iluminada. Certamente minha madrasta tinha bom gosto! Madrasta! Que estranho pensar nisso. Em minha vida nunca pude contar muito com presenças femininas, as mulheres dos Volturi não tinham muito “instinto maternal”. Tudo que sei a respeito de feminilidades, aprendi no internato na França.
Subimos juntos até o andar superior, onde ficava o escritório dele. Era grande e bem decorado, cheio de pinturas antigas. A mais peculiar sem dúvida, era a de meus pais adotivos. Aro, Marcus e Caius com roupas engraçadas e fazendo pose. Eu poderia rir, se não estivesse tão nervosa!
- Agora querida, deixe-me ver seus ferimentos.
Livrei-me do casaco com a ajuda delicada de meu pai. Ele soltou cuidadosamente o zíper de minha blusa. Eu poderia ter ficado sem jeito, ali na frente de um homem quase desconhecido, de lingerie! Mas ele era tão gentil, tão suave! Ninguém poderia pensar mal dele! Agora eu entendia a veneração de minhas amigas por ele. Ele era mesmo maravilhoso!
Quando voltei-me de frente para ele, seu rosto era preocupado. Acho que meus ferimentos o assustaram um pouco, provavelmente ele não vira nada parecido.
- Quer me contar a história toda agora? Imagino que tudo isto tenha a ver com ela.
- Como eu lhe disse, é uma longa história!
- Não tem problema, será um longo curativo!
- Vamos lá então! Bem, pulando a parte que você já sabe, minha mãe descobriu que estava grávida. Você havia se afastado do hospital, ela preferiu esconder a gravidez. Claro que ela percebeu algo estranho em você, mas quem lhe confirmou as suspeitas foi uma mulher chamada Elizabeth.
- A mãe de Edward! Então foi através dela que sua mãe soube da verdade!
- Quem é Edward?
- Edward é meu filho mais velho. Continue sua história, depois falamos mais a respeito de minha família, tenho certeza de que você irá adorar conhecê-los, e eles a você.
- Ai! Puxa que dor!
Senti uma fisgada funda, era como se ele estivesse arrancando a minha pele.
- Acalme-se querida, vai doer um pouco! Preciso suturar, mas assim tão infeccionado não vou conseguir anestesiá-la. Porque esperou tanto?
Baixei meus olhos novamente, eu ainda tinha dificuldades para encará-lo, me sentia tão boba, tão... tão... tudo!
- Estava esperando ter coragem!
Ele parou o curativo, segurou meu rosto entre as mãos frias e olhou-me ternamente.
- Deve ser difícil para você! Perdoe minha indelicadeza. Antes de continuar sua história, minha querida, quero que saiba que você é tudo com o que eu sonhei por toda a minha existência! Eu quis tanto ter filhos que adotei cinco! Você é meu maior sonho realizado e estou muito feliz em tê-la aqui comigo. Principalmente quando eu a olho assim, você se parece tanto com a minha mãe! É como se eu pudesse vê-la novamente. Apesar de não ter tido muito tempo com ela, Satine, minha mãe morreu muito cedo, um olhar de mãe a gente nunca esquece! Mas vamos, continue sua história. Estou curioso.
- Continuando, quando você voltou, minha mãe já estava doente. Ela havia contraído a gripe, não havia mais o que fazer. Ela teve medo de que se lhe contasse você a fizesse desistir de me deixar nascer, para se tratar. Ela voltou para a casa, esperou o fim da gestação, poucos dias depois eu nasci. Ela morreu em seguida, não sabia o que fazer comigo, nem como lhe procurar, só podia contar com o irmão que era praticamente uma criança. A única solução que encontrou foi me entregar aos Volturi. Ela pesquisou sobre Aro, descobriu seu fascínio por talentos especiais, imaginou que ele se interessaria por alguém como eu. Estava certa, eles me criaram, cuidaram de mim, me tornaram o que você está vendo aqui.
Senti minha garganta se fechando, minha voz embargando. Eu me sentia uma manteiga derretida! Mesmo contra minha vontade, uma pequena e quente lágrima rolou por minha bochecha, caindo de leve sobre a mão de meu pai. Ele gentilmente levantou-a, secando meu rosto.
- Posso imaginar o quão difícil é para você falar disso meu bem, posso imaginar o quanto essa história a faz sofrer. Digo que posso imaginar porque eu mesmo estou sentindo a dor. Nunca vou me perdoar pelos sofrimentos que causei a você, e principalmente a sua mãe. Ela não merecia, era uma menina adorável.
- Não quero que se sinta culpado, pai! Quer dizer, Dr Cullen. Eu corrigi-me rapidamente.
- Continue, querida. É tão doce ouvir essa palavra, pai, já era bom ouvir de meus filhos, mais ainda ouvir de você, minha nova filha. Por favor, continue.
- Não quero que se sinta culpado, meu pai – falei dando bastante ênfase a palavra! Se para ele era bom ouvir, imagine para mim, falar!
- Estou tão feliz, não importa o que já aconteceu e já passou. Nos últimos dias eu ganhei duas famílias!
- Como assim duas famílias?
- Essa é a outra parte da história. Sendo médico, você imagina como foi difícil para minha mãe me fazer nascer, certo?
- Essa seria minha próxima pergunta a você.
- Acho que você os conhece os Blacks, da reserva.
- Jacob Black e o pai? Sim os conheço bem, são amigos de Bella.
- Então, são descendentes de minha mãe, ou melhor, do irmão dela. Por isso fizeram o acordo com você, imaginaram que se eu o procurasse, eles saberiam de mim, meu tio Ephaim, queria me encontrar.
- Espere, está me dizendo que sua mãe era descendente dos lobos?
- Isso mesmo! Mistura interessante essa minha, não acha?
- Então é isso! Por isso seus ferimentos estão tão maus, você não reage bem a veneno de vampiros!
- Bingo! Isso mesmo!
- Como Soube que sua mãe era uma quileute? Nem mesmo eu sabia disso! Quem lhe contou?
- Quando Aro me encontrou, na grande campina, eu estava em uma cesta e nela havia um bilhete. Estava assinado por minha mãe, Marie Black. Quando tudo aconteceu e eu tive problemas, pensei em lhe procurar, mas tive medo. Então comecei a pesquisar vestígios de minha mãe, encontrei um telefone na lista e liguei. Era da casa de Billy, eu os conheci ontem. Foi uma surpresa muito agradável, eles gostaram de mim e eu ainda mais deles. Billy foi quem me contou toda a história de minha mãe.
- Interessante, quer dizer que Jacob Black está feliz por ter uma meio-vampira na família! Isso é algo que não vemos todos os dias!
- Algo ainda me perturba, diga-me, como foi que isto aconteceu? Como se feriu desta maneira? Quem a atacou? E porque?
- Quero lhe contar tudo! Quero mesmo, sinto que preciso, mas não agora. Agora quero curtir esse momento, nosso primeiro momento de pai e filha.
Meu pai levantou-se e agarrou-me num abraço apertado, eu quase perdi o fôlego! Sussurrou em meu ouvido minha filha, minha filha! Várias e várias vezes. Era tão bom tê-lo comigo, eu me sentia tão segura.
Assim terminamos a sutura, ele aplicou algumas pomadas, colocou ataduras novas e ajudou-me a me vestir novamente. Ainda não havia terminado mas eu precisava de um tempo.
- Acho que chegou alguém. Sinto cheiros diferentes. Eu lhe disse.
- Alice! Provavelmente minha filha viu você aqui e não se conteve!
- Como assim, me viu aqui? Ninguém veio aqui, desde que chegamos.
- Alice tem um talento especial, ela vê o futuro! Assim com Edward, ele ouve pensamentos. É um dom parecido com o de Aro.
- Então são os seus filhos que Aro tanto deseja! Interessante!
- Sim, são eles. Venha, vamos descer e apresentá-la a minha família, a esta altura todos devem estar anciosos, Alice é terrível!
Senti um friozinho na espinha novamente – E se eles não gostassem de mim? Engoli em seco e segurei firme na mão de meu pai. Degrau a degrau, descemos até a sala.
Estavam todos acomodados na grande sala de estar. Uma loura linda e escultural, com uma roupa bastante justa se acomodara no braço do sofá maior, ao lado de um rapaz de cabelos escuros, muito grande e forte com cara de menino. No sofá menor, um jovem de cabelos louros ondulados, sem dúvida um guerreiro, suas cicatrizes o denunciavam e uma garota ainda mais baixa do que eu, com os cabelos escuros curtos e espichados, balançando os pés de um lado para o outro e fazendo beicinho. No canto da sala, quase na porta uma garota humana, cujos olhos se arregalaram ao ver-me. Ela tinha os braços em volta da cintura do garoto mais novo, um vampiro de cabelos desgrenhados e avermelhados.
Minhas mãos suavam, embora o toque de meu pai fosse suficientemente frio, me coração estava quase saindo pela boca. Chegamos ao último degrau. Meu pai olhou cada um na sala nos olhos, como que dizendo que tudo estava bem. Eu estava com os olhos no chão, imóvel, ainda segura por suas mãos.
- Minha querida família, hoje aconteceu algo maravilhoso em minha existência, algo que preciso confessar a vocês.
- Antes disso Carlisle, quero que me responda uma coisa.
A garota dos cabelos espichados interrompeu-lhe, levantando-se para me olhar mais de perto. Eu estava totalmente sem jeito, não sabia se a encarava, ou não.
- Diga Alice, o que quer saber?
- Porque afinal eu não consigo ver esta garota! Minha mente está tão estranha, eu consigo ver cada um de nós, mas ela, e agora que você a está tocando, você também, os dois estão invisíveis para mim, como se não existisse futuro.
Meu pai soltou uma gargalhada e colocou a mão livre sobre o ombro de Alice.
- Tenha calma, minha filha, deixe-me continuar e logo você entenderá. Talvez não fique feliz, mas entenderá!
Muito tempo atrás, antes da transformação de Edward, quando eu ainda era sozinho, cometi um erro. Hoje sei que na verdade foi meu maior acerto, graças a Satine.
Ele segurou firme minha mão e beijou-me a testa. No mesmo instante uma linda mulher, com o olhar mais gentil que já vi na vida, aproximou-se de nós sorrindo, vinda da sala de jantar. Ela parou bem em minha frente, colocou a mão sobre nossas mãos entrelaçadas e disse:
- Eu não tive a felicidade de ter filhos meus, o único que tive foi-me levado prematuramente. Olhando assim para vocês dois, não preciso de nenhuma explicação, eu soube da verdade assim que olhei em seus olhos, os mesmos olhos que conheço tão bem e que tanto amo. O mesmo olhar bondoso e gentil, os mesmos gestos sinceros! Seja bem vinda minha querida, e se precisar de uma mãe, saiba que me fará muito feliz.
Enquanto as palavras saiam de sua boca, entendi exatamente o que meu pai quis dizer com a frase “um olhar de mãe a gente não esquece!”, atirei-me em seus braços, era como se eu a conhecesse a décadas. Uma mãe! Então era isso que eu recebera, o meu maior desejo, uma mãe!
Ela afagou os meus cabelos, enquanto minhas lágrimas molhavam sua blusa de seda lilás. Meu pai ficou ali parado, sem reação, assim como todos os outros. Incrédulos diante da revelação e do gesto de carinho daquela mulher.
Alguns minutos depois, ela conduziu-me até uma poltrona vazia, eu sentei-me e ela se acomodou em seu braço, ainda confortando-me. Meu pai aproximou-se dela e a beijou levemente, nos lábios.
- Obrigada, Esme meu amor, por compreender tanto de mim, e por me perdoar. Sei que posso contar com você sempre.
- Como posso não perdoar-lhe quando você realizou hoje meu maior sonho. Ver o fruto do homem que amo! Mas amor, agora você precisa explicar aos outros. Imagino pelos rostos que eles ainda não compreenderam.
- Claro, me perdoem! Como eu dizia, eu era jovem, estava sozinho, acabei cometendo erros. Satine é a minha compensação, minha remissão!
- Não está querendo dizer que ela é sua filha, não é?
- Na verdade, Rosalie, é isso mesmo que quero dizer. Não sei como é possível, mas é verdade.
- Vampiros não podem ter filhos!
- Vampiras não podem, querida, por causa da tranformação. Pelo visto, vampiros podem.
- Então quer dizer que a mãe dela era uma humana?
- Sim. Ou melhor quase, ela não era uma humana comum. Mas acho que esta parte devemos ouvir da própria Satine. Não seria justo que eu lhes contasse a história dela.
Eu levantei-me e coloquei-me novamente ao lado de meu pai. Puxei o ar com toda a força de meus pulmões e soltei lentamente pela boca. Assim comecei novamente a história de minha vida. Até a parte da briga. Parte essa que eu não queria compartilhar com ninguém além de meu pai.
Enquanto eu contava a história recente de minha vida novamente, olhei cada um nos olhos, tentando entender cada sentimento. Dúvida, raiva, incredulidade, carinho, compaixão. Todos esses sentimentos misturados na maioria daqueles rostos ainda difíceis de decifrar pra mim. Apenas a menina humana tinha os sentimentos diferentes. Será que eu estava sentindo certo, ela me envejava? Como poderia sentir inveja, ela era linda, com toda a vida pela frente, e seu amor junto a si. Claro porque esse sentimento era forte e sincero entre eles, amor. Aliás, amor era um sentimento muito forte entre aqueles casais, cada um a seu modo, os quatro casais ali presentes se amavam. Eu sim deveria invejá-los! Eles tinham tudo que eu quis por toda a minha vida, uma mãe e um pai, uma família e amor. Tudo que eu não tive.
Terminei a história tirando o casaco para mostrar-lhes os ferimentos.
- Como podem ver, estou ferida e um pouco limitada, meu pai acha que terá de colocar meu braço no lugar novamente. Sei que tudo que contei a vocês soa estranho, é estranho para mim também. Quero que saibam que entenderei perfeitamente, se não puderem acreditar.
Alice levantou-se e veio até mim, pendurando-se em meu pescoço e me beijando a bochecha.
- Seja bem-vinda Satine Cullen!
- Obrigada.
Retribui alegremente seu abraço. Era a primeira vez que eu tinha uma irmã!
Depois de Alice sentar-se novamente, O louro dos cabelos ondulados levantou-se e veio em minha direção, estendendo-me sua mão.
- Seja bem-vinda Satine. Eu sou Jasper, espero que fique conosco, seria maravilhoso.
Agradeci a gentileza de Jasper com um forte aperto de mão, seguido de um abraço. Foi então que o grandalhão com cara de menino levantou-se, pegou-me pela cintura e abraçou-me, tirando meus pés do chão.
- Seja bem-vinda irmãzinha!
- Puxa, você é quase tão forte quanto meu amigo Felix!
- Quase... quase... ouviram isso? Essa garota é louca! Eu sou muito mais forte que ele!
Ele sorriu, eu sorri também. Ele se parecia mais com Félix do que eu julgara!
A bela loura que sentara do seu lado, dirigiu-se calmamente até mim e olhou-me nos olhos, esboçando um leve sorriso.
- Garota sabe que olhando para você assim tão chique em seu modelito europeu, ninguém pensaria que você tem um pezinho na matilha!
Mas se vai ser uma Cullen, pode começar a se acostumar com jeans!
- Acho que posso fazer um esforço e parecer-me mais americana!
- É isso aí, bem vinda ao clube!
O garoto com a humana continuava perto da porta, em silêncio. Meu pai o chamou.
- Edward, Bella? Venham até aqui, Satine é como nós, na verdade é ainda melhor. Ela não se sente atraída por cheiro de humanos. É mais fácil para ela, do que é para nós.
- Tudo bem pai, não tem problema. Como eu disse, vou entender se nem todos compreenderem essa situação.
Edward olhou-me nos olhos e pude sentir seus sentimentos mais fortes. Ele não tinha nenhuma restrição comigo, ao contrário estava curioso em me conhecer, especialmente depois de ter ouvido sobre sua mãe. Ele apenas tinha medo, temia pela garota, então eu tornei as coisas mais fáceis para ele e me aproximei.
Ele estendeu-me a mão cordialmente, eu o abracei, evitando sua mão.
- Desculpe, espero que não se importe com o abraço. Prefiro evitar o toque das mãos!
Alice vez uma cara estranha, juntando as sombrancelhas.
- Por quê? (perguntou-me Alice)
- Bem, também tenho meus talentos especiais. No meu caso, um talento de muitas utilidades. Eu sou, como diz meu amigo Eliazar, uma esponja. Absorvo poderes, sempre que um vampiro com talentos especiais toca em minha mão, eu absorvo seu dom e guardo em minha mente. Posso usá-lo quando quiser, um de cada vez ou todos juntos.
- E porque não quer o talento de Edward?
- Não é que eu não queira, ao contrário, pelo que soube você e Edward tem dons muito especiais, por isso quero deixá-los sempre em vantagem. Não é segredo para ninguém a fama de minha família adotiva, sei que Aro deseja muito seus talentos, por isso não quero que ele os encontre em mim. É uma maneira de deixá-los sempre em vantagem. Por isso também não toquei sua mão.
- É muito gentil de sua parte minha filha. Obrigado!
Edward passou o braço por meus ombros e beijou-me a testa.
- Tudo bem irmãzinha, sem mãos! Quero que conheça minha namorada, Bella Swan.
- Oi Bella, Jacob me contou coisas muito interessantes a seu respeito. Sei que seremos grandes amigas.
A garota abraçou-me um pouco temerosa e assentiu. Apesar de eu não tê-la convencido de minhas intenções, especialmente depois de ter abraçado seu namorado, ela era sincera ao meu abraçar e eu gostava disso.

Autora: Bia Kishi

1 comentários:

Carla Black disse...

Caramba muito show, Satine finalmente conheceu seu pai...que legal..Dr Cullen é o maximo..gosto muito dele.
Fiquei aqui imaginando a cara dele qdo ela falou que era filha dele e contou sobre a mae dela.

Ai o carinho de Esme foi dez.. o amor que ela senti por Carlisle é lindo e as palavras dela derreteram meu coração....

Emmett é um verdadeiro meninao...tambem gosto muito dele...

Aguardando ansiosa pelos prox. capitulos, pena que é só uma vez por semana a postagem...mais tudo bem ta valendo a pena...

Parabens Bia, sua fic é otima ...vc com certeza ganhou uma admiradora de sua estoria...

Até o proximo capitulo de preferencia com meu lobo castanho avermelhado no meio da estoria sempre :)

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