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Capitulo 19 - De Frente com o Passado ***Satine

Os tremores eram insuportáveis. Eu sentia como se meus ossos estivessem estalando um a um e minha pele pinicava absurdamente.
Eu fiquei ali, encarando o garoto moreno e pensando em como ele podia ser tão burro – e louco, diga-se de passagem!
Controle-se! Controle-se! Era tudo que eu conseguia gritar para a minha mente – matar um humano tão perto da casa do meu pai não estava em meus planos.
Demetri estava logo atrás de mim e a julgar pelo quão bem eu o conhecia, ele estava se preparando para atacar.
- Você não tem idéia do que eu sou! – o garoto metido rosnou.
- Idem! – eu continuei encarando.
Meus olhos percorreram toda a extensão do seu grande corpo e eu percebi que ele tremia, tanto quanto eu. Seus músculos estavam retesados e as mãos fechadas em punho – de repente, eu comecei a acha-lo mais parecido comigo do que eu gostaria.
O garoto ainda me olhava. Seus olhos escuros eram de tanta incredulidade quanto os meus. Eu o vi vasculhar-me com os olhos, em busca das mesmas respostas que eu queria. Nada. Éramos como uma página em branco, um para o outro.
Ele aspirou o ar com cuidado, como se quisesse confirmar alguma suspeita. Eu fiz a mesma coisa. Ele cheirava estranho, não era como um humano. Ele cheirava como floresta e chuva e terra. Um cheiro limpo de carvalho e folhas de pinho. Bom. Era um cheiro bom. Ele apertou os olhos e me cheirou mais de perto. A temperatura de seu corpo era tão alta que eu podia sentir em minha pele. Não era humano, sem dúvida ele não era humano.
- Quem é você? – ele exigiu.
- Sou Satine Volturi – eu respondi.
- O que faz aqui, sanguessuga? E não pense que pode me enganar com essas lentes.
- Lentes? Eu não uso lentes, garoto insolente! E não fale comigo assim.
- O que faz em minhas terras, sanguessuga? – o garoto exigiu.
Nesse momento, eu estava bem irritada!
- Suas terras? Suas terras? - Eu repeti, tocando meu dedo em seu peito - Não vejo seu nome escrito em lugar algum! E não me chame de sanguessuga!
Num movimento rápido, ele segurou minha mão. Seu toque era intenso e estranho. Quente! Muito quente. Minha cabeça estava confusa. Ao mesmo tempo que eu sentia que não devia permitir que me tocasse, eu queria. Seu toque quente contra minha pele parecia tão certo, tão natural.
O que é você? O que é você? – a voz que ressoava em minha mente não era minha.
Fique calmo Jake! Fique calmo Jake! – Outra voz que não era minha se enrolou a primeira e outras se seguiram. Minha cabeça estava um nó. Seu toque forte e quente e aquelas vozes. Aquelas vozes estranhas e tão familiares, vozes que se misturavam com meus próprios pensamentos. Meus joelhos cederam. Ao invés de me soltar o garoto estendeu o braço e me segurou.
- O que fez com ela? – a voz doce de Demetri quebrou a conexão com o garoto e as vozes.
Demetri se aproximou tão rápido que eu nem pude sentir. Só soube que era ele, quando senti a frieza de sua pele dura contra a minha.
Ele golpeou o garoto no peito e eu o vi cair para trás. Eu sentia um misto de alegria e tristeza, porque de alguma maneira, eu não queria que ninguém machucasse o garoto, mas eu temia por Demetri.
Meus olhos estavam perdidos na briga, enquanto meu corpo tentava se recuperar o suficiente para permanecer de pé. Kate me ajudou. Ela me envolveu com seus braços e me sustentou. Os tremores aumentando e minha temperatura subindo, o suor escorrendo por minha face. Eu não sabia o que fazer.
Então, o impossível aconteceu – o garoto deu um passo para trás e por alguma razão desconhecida, eu soube o aconteceria. Meus instintos se refizeram no exato momento em que o lobo avermelhado pulou para á frente, quase abocanhando Demetri. Eu me lancei no ar e parei com os olhos colados nos do lobo. Meus olhos eram estreitos como fendas e minhas mãos pareciam garras. Eu sentia uma fúria tão incontrolável dentro de mim que poderia fazer qualquer coisa. Não era mais eu. Eu não tinha mais controle algum sobre aquela besta que tomava o controle do meu corpo.
Um rosnado gutural cortou o vento na floresta. Meu rosnado. Como um animal. O lobo não desviou dos meus olhos, nem eu dos dele. Estávamos ali, frente a frente, preparados para matar - ou morrer - por quem amávamos.
Um filho da lua. Ele era um filho da lua. Por isso não cheirava como humano. O mais curioso é que eu sempre soube que filhos da lua cheiravam mal. Ele cheirava bem. Eu gostava de sentir seu hálito fresco contra minha pele. Quente. De alguma maneira, o calor dele intensificava o meu. Eu estava agora, tão quente quanto ele. Minha pele ardia.
- Não toque nele! – eu adverti, empurrando Demetri mais para longe.
Demetri apenas obedeceu, em nenhum momento tentou lutar contra mim – o que me fez pensar que eu estava mesmo diferente.
Seus olhos! Seus olhos! – aquela voz estranha ressoou em minha mente novamente. Junto dela, as outras começaram a entrar, fundindo-se com meus próprios pensamentos. Era como se várias pessoas invadissem minha mente. Eu fraquejei novamente. O lobo me encarou mais forte.
O que é você? – a frase voltou, uma vez mais.
Eu gostaria de saber – eu pensei.
O lobo se afastou. Em seguida aproximou-se mais, rosnando. Eu estava preparada para lutar com ele. Eu estava totalmente pronta e sabia que seria um briga boa, quando ouvi a voz. Era a mesma da minha mente, uma delas, a mais mansa e a que mais emanava autoridade.
- Jake pare!
A voz era forte e decidida e eu sabia que não estava em minha mente.
O garoto pareceu lutar com a ordem, por mais suave que ela fosse, ainda era uma ordem direta. Era tão direta, que eu podia sentir em mim mesma a autoridade da voz.
O outro garoto saiu de traz das árvores. Um pouco mais velho que o lobo vermelho, seus olhos eram benevolentes e controlados. Ele se aproximou mais e parou a alguns metros.
- Afaste-se dela, Jacob Black. Agora!
Black! Black! – o nome soou como sinos em minha cabeça.
O lobo vermelho se afastou um pouco e olhou o outro garoto.
Ela não é nossa inimiga – a voz do garoto mais velho ecoou em minha mente novamente.
Demetri e Kate permaneceram afastados, observando a cena, como se não fizessem parte da reunião.
O garoto mais velho se aproximou mais e parou em minha frente.
- Eu sou Samuel Uley, mas pode me chamar de Sam.
Eu não entendia porque, mas sabia que podia confiar naquela mão grande e quente estendida diante de mim. Eu a segurei.
- Sou Satine Volturi.
Quando ele me tocou, senti a intensidade da conexão, embora ainda assim, fosse mais fraca do que com o lobo vermelho.
- Black? Você o chamou de Black? – eu não pude conter a pergunta.
- Sim, o nome dele é Jacob Black.
Demetri caminhou a passos lentos, mostrando que não queria brigar. Suas mãos protetoras tocaram meu ombro e eu relaxei mais. Aos poucos, fui tomando conta do meu corpo novamente, retornando a minha temperatura.
Sam não pareceu se incomodar com a presença de Demetri. Ele não estendeu a mão para Demetri, mas fez um pequeno aceno de cabeça, que Demetri repetiu.
- Então foram vocês que acolheram nossa criança.
Sam pareceu mais confirmar uma suspeita, do que fazer uma pergunta. Demetri assentiu.
- Eu a resgatei.
As palavras “nossa” e “criança” girava em minha cabeça – eu não era como eles! Não era uma filha da lua! Eu era uma vampira! Isso! Eu era uma vampira.
- Eu sou uma vampira! – as palavras escaparam da minha boca.
Sam olhou carinhosamente para mim.
- Eu sei exatamente o que você é, Satine.
Eu engoli em seco – pelo menos alguém sabe o que eu sou!
- Sei que tem respostas a dar para ela – Demetri falou.
- Sim, eu tenho – Sam respondeu.
- Ótimo! Porque eu preciso de respostas também!
A voz presunçosa do garoto mais jovem ecoou dos pinheiros. Logo depois, ele saiu, ajeitando uma bermuda velha na cintura.
- Conversaremos em casa, Jake.
- Ela vai para casa conosco? – ele perguntou, apontando o dedo para mim – o que me irritou bastante.
- Ela é uma de nós, Jacob. Portanto, vai conosco.
O garoto resmungou um pouco, mas não discutiu. Demetri intensificou o toque. Sam olhou para ele e respondeu calmamente.
- Apenas ela, vampiro.
- Eu não vou deixa-la.
Sam colocou a mão sobre o ombro de Demetri.
- Somos muito gratos pelo que fizeram por ela, mas sabe que não podemos permitir que vampiros fiquem em nossas terras.
Demetri não retirou a mão de Sam, mas não retirou a mão do meu ombro também. Kate se aproximou e o segurou pela mão.
- Ela precisa, Demetri. Precisa ir com ele.
Ele não respondeu.
- Sabe que não vamos machuca-la, vampiro. Sabe que ela é parte nossa – Sam insistiu.
Demetri olhou em meus olhos com todo o amor que eu conhecia. Eu entendia que ele não gostava da idéia de me deixar sozinha com um bando de lobos, mas eu via em seus olhos que ele compreendia minhas necessidades.
Depois de um século de dúvidas e perguntas sem respostas, eu estava ali, frente a frente com uma parte desconhecida do meu passado. Frente a frente com algo que mudaria meu futuro. Eu olhei de Demetri para Sam e dele para o garoto mais jovem. Dúvidas. Ele tinha tantas dúvidas quanto eu. Eu não precisava olhar em seus olhos para saber seus sentimentos – eu os sentia. Eu os sentia em minha própria carne, como se fossem meus também.
Sam sorriu levemente, e segurou minha mão.
- Vem conosco, Satine Volturi. Vem conhecer seus irmãos.
Deixei meu olhar encontrar o chão. Irmãos! – algo com o que eu sonhei a vida toda.
Uma parte de mim queria agarrar a mão de Sam e ouvir as respostas. Outra parte tinha medo. Eu me sentia como “Alice no País das Maravilhas”, esperando para tomar a pílula. E pensando justamente em Alice, eu tinha medo do que encontraria do outro lado. Olhei para Demetri uma vez mais. Eu o amava. Eu o queria em minha vida para sempre. Será que ele continuaria pensando o mesmo? Será que mesmo depois de ver a besta que rugia dentro de mim, ele ainda me amaria? Eu não tinha as respostas. Como sempre em minha vida, as perguntas eram muito mais numerosas. A única coisa certa para mim, naquele momento, era que eu teria que arriscar.
Lobos e vampiros, rivais. Tão rivais que eu não sabia como exigir que Demetri estivesse comigo. Ele sabia disso também. Por mais vampira que eu me sentisse, naquele momento, naquela floresta, eu sentia como se fizesse parte de algo maior. Eu não me sentia mais a princesinha vampira do castelo da Itália. Ali, eu era parte da floresta. Parte daquela gente tão diferente de mim, mas que ainda assim estavam atados a mim, as minhas memórias e pensamentos. Eu os sentia muito mais que em minha mente, eu os sentia em meu coração.


Autora: Bia

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