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Memories of Christmas


Título: Memories of Christmas (memórias de natal)
Personagens: Emmett e Rosalie, todos humanos.
Gênero: Drama, Romance.
Autora: Candy Rafatz. Classificação: Livre.
Sinopse: Natal. Essa era a época preferida do casal, Emmett McCarty e Rosalie Hale, eles planejavam passar todos os natais juntos, mas as coisas não ocorrem como o planejado. Ela sofreu um acidente de carro, é levada para Seattle para morar com os tios e não se lembra de quase nada sobre o passado. Ele perde o rumo, mas está decidido a encontrar seu grande amor e reconquistá-la, então vai ao seu encontro e lhe pede uma chance e a recebe. Tem apenas um dia para convencê-la de que era seu namorado, fazê-la se lembrar e tentar passar o natal com ela mais uma vez. Não vai ser fácil, mas ele não estará sozinho, contará com a ajuda da sua anjinha de natal, Bonnie.

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24 de dezembro de 2009.

— Sabe Emm, eu realmente adoro o natal, é tão incrível e fica tudo tão bonitinho com essa neve toda! — ela disse sorrindo enquanto tamborilava os dedos na tampa do copo vermelho natalino da Starbucks com o seu cappuccino de sempre.
— Acho estou gostando tanto do natal por estar com você. Ou não teria a mínima graça!
— Você um bobo. — sorriu e inclinou a cabeça beijando-lhe nos lábios. — É o nosso primeiro natal juntos, quer dizer, oficialmente como namorados. Realmente ficar com você está deixando o natal ainda melhor!
— Agora vamos ter vários natais juntos se depender de mim. Todos, até o fim das nossas vidas, Srta. Rosalie Hale!
— Eu iria adorar Sr. Emmett McCarty! — sorriu e se aconchegou nele.

Emmett passou o seu musculoso braço por cima do ombro dela e a abraçou, ali Rosalie deitou a cabeça sentindo seu delicioso cheiro e assim ficaram. Sentados naquele banco no Central Park olhando para a rua. Por todos os lados da cidade se via neve. Aquela camada de neve branquinha e fofa por cima de carros, árvores, chão, em tudo. Era o mais perfeito natal que ela já tinha visto por toda a combinação de fatores – as crianças brincavam na rua, a decoração estava posta, a neve estava enfeitando a cidade, ela estava com Emmett... É definitivamente estava tudo pronto para o natal. E ali eles ficaram por mais algum tempo. Conversando, trocando confidências e caricias, fazendo planos, sonhando.




UM ANO DEPOIS


22 de dezembro de 2010.

Emmett estacionou o carro em frente a uma enorme casa em Seattle. Não fora tão complicado encontrar a casa naquele bairro pequeno, apenas perguntar pela casa do Dr. Carlisle Cullen e pronto. Era sua última esperança. Desceu do jeep com um pouco de dificuldade, uma fina e escorregadia camada de gelo já tinha se formado no chão, o inverno de dezembro já colocando suas garras de fora e em breve a neve cairia, vésperas de natal. Parou em frente à porta, respirou fundo e apertou a campanhinha. Não demorou muito até alguém atender, uma mulher jovem e muito bonita, cabelo marrom caramelado fazendo moldura a um rosto arredondado que por algum motivo, para Emmett, se assemelhava com um coração com covinhas.

— Sra. Cullen? — perguntou hesitante.
— Sim, sou eu, mas pode me chamar de Esme. Deseja alguma coisa?
— Eu sou Emmett. Emmett McCarty lembra? Conversei com a senhora pelo telefone.
— Oh claro. Emmett, eu já conversei com você e...
— Por favor... Esme, eu estou lhe implorando, me deixe ver a Rosalie.
— Querido, eu juro que gostaria de lhe ajudar, mas a saúde da minha sobrinha vem em primeiro lugar, ela não pode sofrer grandes emoções e em todas as tentativas que ela fez de se lembrar do passado acabou ficando alterada, eu sinto muito! — falou com pesar sinceramente.
— Eu não vou fazer ela se alterar, quero apenas... Vê-la. Eu juro. Por favor, Sra. Cullen. Eu estou implorando. — ele quase chorava, Esme sentia seu coração se apertar no peito.
— Por que, querido? Você vai se machucar ainda mais, ela não vai conseguir conversar com você, não vai ser como antes, dê um tempo a Rosalie.
— Eu a amo, Sra. Cullen. Eu amo a minha Rose mais que qualquer coisa, eu só queria... Vê-la.
— Eu sinto muito realmente, infelizmente não posso fazer nada. Eu preciso entrar. Querido, a Rosalie está melhorando, não precisa se preocupar. Que você tenha um feliz natal! — Esme desejou-lhe com um sorriso materno no rosto, entrou na casa e fechou a porta.

“Como não me preocupar? Droga!”. Ele sabia que Esme estava apenas cumprindo seu papel de tia protetora, mas será que ela não o entendia? Precisava vê-la mesmo que de longe, mesmo que por alguns segundos, precisava. Voltou para o carro derrotado, mas não iria desistir. Já estava prestes a entrar no veiculo quando alguém lhe chamou e virou instantaneamente na direção da familiar voz que o chamara.

— Jasper! — exclamou sorrindo, era bom revê-lo. Era uma parte de Rosalie. Aproximou-se dele e se cumprimentaram com um abraço caloroso.
— É bom te ver, Emmett. É realmente bom!
— Digo mesmo. Tanto tempo sem ver você... E a sua irmã.
— Eu sei. Nos mudamos rápido depois que tudo aconteceu. Você quer ver a Rose? — assentiu. — Eu posso ajudá-lo, eu quero ajudá-lo!
— Você está falando sério? Como?
— Você tem que me prometer que não vai falar com ela, cara. Eu vou te ajudar a vê-la de longe, mas você não pode tentar falar com ela... Não agora.
— Eu prometo! Como?
— Emmett é sério. A Rosalie está em fase de recuperação e eu já vi uma reação dela quando foi “forçada” a se lembrar de algo, por favor.
— Você tem minha palavra, eu prometo. Jasper, eu amo a sua irmã, eu nunca faria nada que lhe causasse dor.
— E é por isso que vou te ajudar, porque sei que você a ama. Tudo bem então, vão trazer a Rosalie para casa amanhã por volta das 5 da tarde. Provavelmente ela vem no carro do Carlisle, na frente vai a tia Esme e vou com a Rosalie no banco de trás. Você tem que ficar do outro lado da rua dentro do carro. Apenas vê-la!
— Tudo bem, Jasper. É suficiente, eu só preciso ver com os meus próprios olhos que ela está bem, que ela está viva.
— Eu vou entrar antes de Esme sinta minha falta, estamos terminando de arrumar o quarto novo da Rosalie, tentando deixar parecido com o quarto dela de Nova York, o médico disse que pode ser bom!
— Até amanhã.

Jasper sorriu, deu um leve toque no ombro de Emmett e andou em direção da casa.

— Jasper? — Emmett o chamou, Jasper se virou. — Obrigado!
— As ordens! — sorriu e entrou na casa.

O coração de Emmett estava prestes a explodir de alegria. Não era o que queria realmente, não queria apenas vê-la, queria tocá-la novamente. Mas de começo era suficiente. Rosalie, sua Rosalie.

23 de dezembro de 2010.

Paciência nunca fora uma das qualidades de Emmett, com certeza agora não seria diferente. A espera era torturante, chegara à rua da casa dos Cullen uma hora antes das cinco para evitar qualquer contratempo e isso o estava matando. Olhava as horas no celular encima do painel do carro de cinco em cinco minutos. Quando finalmente chegou à hora e o relógio marcava 05h00min, seu coração se acelerou. Faltava pouco. Pegou uma foto que carregava para todos os lados que estava no banco do passageiro e a alisou com pesar – a foto era ele e Rosalie, seus braços na cintura dela enquanto Rose sorria gloriosamente, como sempre.

— Eu te amo, Rosalie. — falou a olhando nos olhos.
— E... E o que esse seu “eu te amo” significa?
— Significa que eu quero estar do seu lado pra sempre, que você se tornou a pessoa mais importante na minha vida e não quero ficar nenhum segundo longe de você. Que você me faz feliz e que definitivamente você mudou minha vida pra melhor. Simples assim... Eu te amo.
Rosalie mordeu o lábio inferior hesitante e então sorriu.
— Eu te amo também, Emmett! — sorriu, jogou os braços por cima dos largos ombros dele e o beijou como nunca.

Emmett voltou à realidade piscando forte e viu a Mercedes preta estacionando em frente à casa dos Cullen. Ele se sentia um estranho dentro daquele carro que cheirava a tabaco e hortelã que tinha alugado apenas para isso, não ser reconhecido. Graças ao insulfilm dos vidros tinha a certeza que não seria visto. Sentou-se no banco do passageiro e se inclinou na janela para ver melhor. O primeiro descer do carro foi Carlisle e depois Esme que foram direto para o porta-malas. Jasper então desceu e seu olhar foi direto para o carro em que Emmett estava, sabia que ele estava ali, sorriu discretamente. Jasper deu a volta no carro, abriu a porta e ajudou Rosalie a descer.

Rosalie! Rosalie! Rosalie! Rosalie! O seu coração e corpo chamavam, na verdade gritavam, por ela.

Ele queria ver seu rosto, já que Rosalie estava de costas, mas a reconheceria mesmo que de costas e mesmo que depois de cem anos. Ela se virou e estava linda como sempre. Emmett sentiu falta do sorriso e do brilho do olhar dela, mas ela estava bem. Encarava as casas e a rua inteira com desconfiança, parecia bem confusa. Os cabelos castanhos caindo em uma cascata ondulada sobre seus ombros e até o meio de suas costas, uma grande mecha sobre seu delicado rosto. Usava um vestido preto que Emmett já tinha visto-a usar, uma bota preta com um cano até alguns dedos abaixo do joelho e um cardigan preto. Só de vê-la lembrou-se na noite que o empurrou nesse mar de angustia e saudade...

Entrou correndo no hospital, sentia a blusa branca social colar em suas costas largas devido ao suor, que também escorria em sua testa. Procurou a recepção e viu uma estagiária de aparência muito jovem e cabelos negros presos em um coque com a atenção voltada para a tela do computador. Emmett bateu as mãos com os punhos fechados no balcão.
— Rosalie, para onde levaram Rosalie Hale? — perguntou ofegante.
— O que senhor?
— Uma paciente. Deu entrada no hospital há dois dias, onde ela está?!
— Acalme-se senhor, qual o nome dela? — ela perguntou com a voz monótona, o que irritou ainda mais Emmett.
— Rosalie Lilian Hale. Onde ela está? Fala!
A jovem começou a digitar rapidamente naquele computador buscando a informação até encontrar e passar para Emmett, que nem esperou muito, assim que a recebeu saiu correndo em direção à escada e subiu para o andar da UTI. Estava viajando quando tudo e aconteceu, pegara um avião assim que recebera a noticia, como estaria sua Rosalie? Viu sentado no banco em frente ao quarto da UTI Jasper, irmão gêmeo de sua amada Rosalie.
— Jasper? — se aproximou dele, mas não uma resposta, ele parecia estar em estado de choque — Jasper? Onde está Rosalie?
— No... Quarto. Ela está mal, Emmett.
— O que aconteceu de certo, Jazz?
— O carro... O carro capotou. Meus pais morrerem. E a Rosalie está em coma. — respondeu após vários minutos com a voz trêmula e encarando o vazio. O chão sob os pés de Emmett desapareceu.

— Rosalie... — ele suspirou com a testa colada na janela do carro. Seu hálito quente embaçou o vidro, rapidamente ele limpou com a mão e voltou a apreciá-la. Seus olhos começaram a arder e então as lágrimas escorreram por seu rosto despercebidamente. — Minha Rosalie!


24 de dezembro de 2010.

24 de dezembro. Véspera de natal. Nenhuma lembrança.
Rosalie se sentia tão vazia, não sabia explicar, apenas sentia. Estava sentada naquele quarto desconhecido e ao mesmo tempo tão familiar desde que acordara. Encarava um anel prateado que tinha na palma da mão e na parte de dentro dele os números “1, 2, 3, 4”. Devia significar algo, mas ela não conseguia se lembrar e quando tentara (após seu irmão lhe entregar depois de estar acordada, fora dos aparelhos e sem a maioria das ataduras ainda no hospital) tivera um forte dor de cabeça pelo esforço mental que fizera. Queria lembrar.

— Rose? Está acordada? — a voz masculina e calma entrou no quarto.
— Estou. — sua voz monótona ecoou pelo quarto.
— Bom dia, maninha! — Jasper falou sorrindo e sentou-se na cama na frente da irmã, sorriu. — Como você está hoje?
— Bem... Eu acho. — tentou sorrir.
— Eu sei que não deve estar sendo fácil, mas vai dar tudo certo. Você quer sair? Eu vou com Alice e Edward comprar algumas coisas de natal, últimos detalhes de véspera e se você fosse?
— Quem é Edward? — ela perguntou confusa.
— Ah, verdade, você chegou ontem e subiu direto para seu quarto, conheceu apenas a Alice. Edward é o filho da tia Esme, do primeiro casamento enquanto Alice é filha do primeiro casamento do Carlisle, a mãe dela morreu no parto, ela me contou ontem. — Rosalie arqueou a sobrancelha, Jasper riu. — Parece meio complicado, mas você acaba se acostumando e os dois são super legais.
— Tenho certeza que sim. Eu vou sim, estou precisando respirar um pouco ar puro e livre. Primeiro fiquei trancada naquele hospital e agora aqui? Não. Só preciso me trocar.
— Está bem. Coloque uma roupa de frio, está bem gelado lá fora. Nevou ontem e pode nevar hoje, a paisagem está linda. — sorriu e beijou a testa da irmã — Já volto para lhe buscar, rápido.

Seu irmão saiu do quarto deixando-a sozinha novamente. Ela voltou a colocar o anel no dedo e soltou um suspiro pesado. Há quanto tempo não saia na rua sozinha? Meses, exatamente três meses em meio a toda essa confusão. Era algo sufocante. Todos os últimos meses foram complicados, sufocantes, estressantes, horríveis.

Pegou uma roupa no closet já arrumado e andou para o banheiro do quarto. Já tinha tomado banho, então iria apenas se trocar. Rapidamente colocou o vestido azul escuro xadrez e um cinto vermelho na cintura, uma meia-calça preta grossa por causa do frio, suas botas vermelhas (que mesmo sem lembrar muito bem delas se tornaram suas favoritas), uma echarpe vermelha com listras pretas. Estava quase pronta quando voltou para o closet e pegou dentro de uma das malas que ainda não tinha desfeito um cardigan preto e uma boina preta. Voltou para frente do espelho do banheiro, vestiu o cardigan e ficou se encarando. Seu rosto estava tão sem vida, levantou o cabelo e pode ver a cicatriz do lado direito do rosto – um corte na testa indo até a bochecha perto da orelha. Colocou os cabelos de lado para que cobrisse a cicatriz e colocou a boina, estava bem.

— Rosalie? Estamos indo! — Jasper a chamou.
— Estou indo, só um minuto! — voltou para o quarto e sorriu para o irmão. — Vamos!
— Você está linda, maninha!
— Obrigada, você também está lindo. Vamos?

Jasper estava muito bem agasalhado assim como Edward e Alice, que os esperavam na sala. Despediram-se de Esme e Carlisle que terminavam de arrumar os enfeites e preparativos para a ceia de natal, então saíram. Os quatro no volvo prata de Edward, conversando e se conhecendo melhor.


— Está bem, nós vamos ao shopping, vocês vão com a gente? — Edward perguntou sorrindo se referindo a ele e Alice. — A Bella, minha namorada, vai estar nos esperando lá.
— Hum... Por mim tudo bem. — Jasper sorriu.
— É... Eu posso esperar vocês ali na Starbucks? Hum... Eu me lembro da de Nova York, acho que eu gosto de lá. — Rosalie perguntou hesitante e mordeu o lábio inferior.
— Você era uma completa viciada na Starbucks, Rose. — Jasper brincou.
— Acho que não tem problema, nos vemos quando sairmos?
— Pode ser.

Ela acenou para os três que atravessaram a rua para entrar no shopping, cruzou os braços encima do peito e entrou na Starbucks. Lá dentro estava bem mais quente e aconchegante, olhou para os lados procurando uma mesa, o lugar que estava razoavelmente lotado. Avistou uma mesa do outro lado do salão, mais afastada, andou até ela e sentou-se sozinha. Pegou o cardápio para escolher o que beberia, mas não sabia o que pedir. Eram tantas opções que não sabia o que escolher, por impulso colocou a mecha de cabelo que escorria no rosto para trás.

— Você deveria escolher o cappuccino, é muito bom!

Rosalie abaixou o cardápio para ver a origem da sugestão e um homem a encarava sorrindo. Ele era grande e musculoso, mas tinha um sorriso infantil e duas covinhas encantadoras, cabelos castanhos alourados meio arrepiados e um belo par de olhos azuis brilhantes. Encarava-a com admiração e emoção, ela sorriu.

— Cappuccino? É, acho que vou querer um desses. — fechou o cardápio e o colocou na mesa novamente.
— Será que eu poderia me sentar? É que não tem muitas mesas vagas.
— Ah, acho que sim... Quer dizer, sim, sente-se!

O garçom se aproximou da mesa com um sorriso simpático e pronto para anotar os pedidos.

— Um cappuccino e um café latte, por favor. — ele pediu sorrindo, o garçom assentiu e se afastou para ir buscar os pedidos.

Ela o encarava com certa curiosidade. Aquelas covinhas, o olhar... Tão familiar. O garçom voltou com os pedidos, as bebidas em copos vermelhos natalinos e agradeceram. Hesitante ela levou o copo até a boca e bebericou, por fim deu um longe gole. Definitivamente gostava de cappuccino.

— Obrigada. Se não fosse por você teria pedido um expresso, acho que gosto desse cappuccino.
— Você iria odiar o expresso. Na verdade você acha muito amargo e que fede. Cappuccino sempre foi seu favorito.
— Er... Como você sabe? — Rosalie perguntou confusa. — Eu te conheço de algum lugar?
— Talvez... Digamos que sim.
— Qual o seu nome?
— Acho que me precipitei um pouco. Sou Emmett, prazer!
— Rosalie. Você me parece familiar...
— Então é verdade? Você não se lembra de nada? — Emmett perguntou sentindo. Ela não se lembrava dele, doía.
— Eu não me lembro de algumas pessoas ou lugares, coisas básicas ou importantes, desde o... — parou no meio da frase sem conseguir forças para continuar.
— Acidente? Desde o acidente de carro?
— Está bem, agora você está conseguindo me assustar, tem uma bola de cristal? — questionou com humor e sorriu.
— Não. — ele riu e então sorriu, o sorriso dela estava de volta. O sorriso que lhe aquecia e acalmava. — Mas você tem uma cicatriz.
— Ah! — sorriu envergonhada e tirou a mecha de cabelo detrás da orelha para que voltasse a esconder a cicatriz.
— Não precisa escondê-la, nem por isso você ficou menos bonita. Você continua incrivelmente linda!
— Mas como você sabe que foi um acidente de carro? Isso está bem confuso e estranho, será que você não podia me ajudar e me dizer de onde te conheço?
— Nos conhecemos em Nova York. — sorriu. — E eu costumava ser seu namorado!

Seus olhos se arregalaram e ficou boquiaberta. Namorado? Ele parecia ser tão familiar, mas a idéia parecia tão absurda. Ela tentava se lembrar dele, mas nenhuma lembrança era como se o visse pela primeira vez. Ele podia estar mentindo, claro.

— Você não lembra, não é? — Emmett perguntou com uma expectativa ressentida e temendo pela resposta.
— E-eu... Eu sinto muito. — pegou o copo da mesa e se levantou. — Eu preciso ir embora, com licença.

Levantou-se rapidamente e andou até o caixa para poder pagar o café, mas lembrou-se que nem tinha pensando em pegar dinheiro ou algo do tipo.

— Eu escolhi sua bebida, deixa que eu pego. — Emmett falou atrás dela e tirou uma nota de 20 dólares do bolso da calça, colocou no balcão. — Pode ficar com o troco.
— Obrigada!

Não podia ficar ali, saiu andando do café e parou na entrada encarando o shopping. Quais as chances que tinha de encontrar Jasper e os outros sem se perder?

— Me desculpe, não devia ter dito aquilo... É que eu tive a esperança que você se lembrasse.
— Eu sinto muito, não me lembro de muita coisa. Ah e vou te pagar o cappuccino, eu só preciso encontrar meu irmão e pegar dinheiro com ele.
— O Jasper?
— Você conhece o meu irmão? — ele assentiu. — Então era verdade? Nós... Eu e você namorávamos?
— Eu juro que não brincaria com uma coisa dessas, eu estou falando sério, Rose.
— É... Eu... Não lembro. — Rosalie estava prestes a chorar. Queria lembrar, mas não conseguia.
— Eu entendo. Eu só queria passar o natal com você, como antes. Era a nossa época favorita, ficar juntos e guardar novas memórias de natal.
— O que...
— Me dê um dia. Esse único dia!
— Emmett...
— Eu fiquei desesperado dois meses esperando você acordar do coma, Rose, então me ligam dizendo que você acordou que está fora de perigo, mas que foi transferida para algum hospital de Seattle para morar com seus novos tutores legais. Você não imagina o quanto eu sofri. — ele pegou a mão de Rosalie e acariciou-a — Só hoje, por favor. Vamos fazer o que sempre fazíamos na véspera de natal.
— E o que fazíamos... Na véspera de natal?
— Me dê uma chance? Eu estou te pedindo.

Por algum motivo Rose não conseguiu recusar um pedido vindo daquele homem com aparência angelical de olhos azuis e duas covinhas, assentiu sorrindo enquanto mordia o lábio inferior. Lembrou-se de Jasper, então Emmett deixou um recado com o garçom do café e deu um dinheiro para que passasse ao irmão de Rose, então foram para o carro dele. Ele a ajudou a subir no jeep e sorridente entrou no lado do motorista, ela estava ali novamente. Tão perto, mas tão longe. Só trocaram alguma palavra vários minutos depois de terem partido.

— Você não vai me dizer para onde estamos indo?
— Surpresa, mas te garanto que você vai gostar. Ou pelo menos você gostava.
— Ah, tem algo a ver com essa sacola aqui da Candy Shop? — perguntou se referindo a uma pequena sacola rosa da loja de doces mais conhecida da cidade.
— Isso mesmo. — sorriu animado. — E nós chegamos, não era assim tão longe!

Seattle Grace Hospital.

Rosalie não entendeu exatamente porque estavam em um hospital, mas o seguiu sem questionar. Quando chegaram à porta do hospital, Emmett segurou sua mão para guiá-la e na outra carregava a sacolinha da Candy Shop, uma onda elétrica passou por seu corpo e percebeu que gostava de tocá-lo. Andaram até o elevador e ainda de mãos dadas subiram para o terceiro andar. Pediatria.

Uma enfermeira extremamente magra e alta, cabelos loiros cacheados um pouco abaixo do ombro se aproximou do casal. Carregava no rosto um amigável sorriso.

— Oi, estão procurando por algo?
— Sim. Sou Emmett McCarty, eu telefonei para o hospital e conversei com a Vanessa, ela está?
— Ah, sou eu mesma. — sorriu. — Então o senhor veio mesmo, fico feliz!
— Claro e essa é a minha... Essa é Rosalie! Veio me fazer companhia e para as crianças também.
— É um prazer, Rosalie. Vocês não são meus pacientes e nem familiares deles, então me tratem como Nessie, por favor. — sorriu.
— E então, podemos ver as crianças?
— Claro, me sigam porfavor. — ela começou a andar em direção a uma porta. — Acho que vocês não vão ter muitas crianças para ficarem, na verdade tem apenas uma hoje.
— Por que só uma? — Rosalie perguntou.
— Na véspera de natal normalmente as crianças ficam com a família. Algumas são liberadas para irem para casa, outras ficam no quarto com a família comemorando. Bonnie é a única que não tem família para comemorar então fica com as enfermeiras. Na verdade comigo!
— E o que aconteceu com a família dela?
— A Bonnie só tinha a mãe, mas ela a abandonou no hospital por não suportar passar por todo esse sofrimento. A Bon é muito madura para a idade dela e lida muito bem com isso. Continua internada no hospital apenas pela bondade do Dr. Cullen.
— O Carlisle? — Rose ergueu a sobrancelha.
— Sim. Ele como diretor deixa que ela fique no hospital sem pagar e o tratamento dela sai sem nenhum custo, ele é um homem muito bondoso. Conhece o Dr. Carlisle Cullen?
— Ele é marido da minha tia, estou morando com ele agora.
— Ah, então você é a sobrinha da Esme? Rosalie Hale? — ela assentiu. — Eu sinto muito pelos seus pais. O Carlisle comentou sobre você comigo, sou residente dele.
— Tudo bem, eu estou bem.
— E você, por que não vai passar natal com a família?
— Eu moro em Seattle sozinha, quer dizer, moro com meu namorado Jacob, mas ele é médico aqui no hospital e está de plantão hoje, vai vir para cá apenas quando for noite e não tiver pacientes. E minha família está pelo mundo, tenho um irmão na Austrália, uma na França e meus pais moram na Espanha. É bem complicado passarmos um tempo juntos. — sorriu.

Entraram na sala de conveniência infantil que parecia ao mesmo tempo uma brinquedoteca. Várias mesas pequenas e coloridas, em um canto um tapete almofadado e vários brinquedos arrumados em uma estante, as paredes com desenhos coloridos e em uma das mesas havia uma menina desenhado. Era pequena e parecia frágil. Um pijama de manga comprida azul bebê e calça do conjunto, os cabelos ruivos ralos e soltos até o ombro, dando um belo contraste com a pele extremamente branca com algumas sardas graciosas. Tão absorta no desenho.

— Hey Bonnie, temos visitas! — Vanessa falou sorrindo. A menininha ergueu o rosto sorrindo.
— Tia Nessie! — ela sorriu animada para a enfermeira que já conhecia e um pouco mais tímida para os dois desconhecidos — Oi.
— Esses são Emmett e Rosalie, Bonnie, eles vierem passar o dia com a gente!
— Legal, está chato ficar desenhando sozinha.
— E eu? Não sou ninguém?
— Ah tia Nessie, você fica indo até a entrada toda hora, não é a mesma coisa. — coçou a cabeça e sorriu faceira — Mas eu ainda amo você, Vanessinha!
— É, sei bem. — riu Vanessa — Eu também te amo, Bonnizinha. Vocês podem ir lá, ela é legal.

Rosalie soltou a mão de Emmett, tirou a echarpe que usava e o casaco, colocando os dois pendurados em um gancho que tinha na parede e andou até a mesa. Emmett colocou a sacola de doces ali também, tirou o casco e se aproximou.

— Posso me sentar com você, Bonnie?
— Pode tia Rose! — falou animada e Rosalie sorriu, a pequena já tinha lhe encontrado um apelido.
— E então, o que você está desenhando?
— É um desenho pra tia Nessie e pro tio Jake, namorado dela. Você também pode se sentar tio Emmett, mas você é grandão e não sei se vai conseguir sentar na cadeirinha.
— Eu acho que vai ser um tanto complicado, mas posso sentar no chão. — ele falou rindo e sentou no chão junto à mesa sorrindo.
— Você tem covinha! — Bonnie tocou o furinho na bochecha dele e sorriu tocando a própria bochecha — Eu também tenho, a tia Nessie disse!
— Acho que só eu não tenho. — Rose fez beicinho.
— Mas você é muuuuuito bonita mesmo assim, tia Rose!
— Eu concordo plenamente! — Emmett sorriu para Rosalie, que sabia que se corasse com facilidade estaria mais vermelha que um pimentão, mas fez o que sempre fazia quando estava envergonhada, sorriu timidamente enquanto mordia o próprio lábio inferior.


Ficaram os três desenhando e conversando ali por um bom tempo, nem perceberam o quão rápido ele passara. Vanessa trouxera o lanche de Bonnie que comeu tudo. Rosalie estava se divertindo, oh se estava. Não reconhecia Emmett e não tinha se quer uma lembrança dele, mas ele era extremamente agradável e divertido, com a companhia de pequena Bon então tudo estava ainda melhor. Bonnie era como um anjo, um anjinho de natal. Seu sorriso aquecia seu coração e lhe acalmava, mesmo com todos os motivos para ser uma criança triste Bonnie sorria, simplesmente sorria como se tudo fosse um grande conto de fadas com um esperado final feliz.

— É natal, tia Nessie, deixa a gente brincar um pouquinho com a argila! — Bonnie pedia com uma carinha de pidona. Alguém consegue dizer não a ela quando faz esse biquinho e então sorri mostrando suas duas covinhas? Era bem difícil.
— Tudo bem, Bon, mas só um pouco ok? Vocês brincam um pouco e depois a mocinha vai direto para o banho, está ficando tarde e daqui a pouco você tem que colocar sua cartinha na janela e dormir, lembra? Papai Noel não entrega presentes para criança acordada.
— Pode deixar! — sorriu.

Vanessa pegou no armário uma grande bacia com a argila, forrou a mesa com um plástico para ajudar e colocou água em outro para modelar a argila. Entregou a Emmett e Rosalie aventais cirúrgicos apenas para não se sujarem e os deixou brincar.

Rose tirou o anel que carregava no dedo e o deixou encima do colo, ela percebeu que Emmett também tirou um anel do dedo parecido com o dela e o guardou no bolso. Sorriu e voltou às atenções a argila que modelava, enquanto Emmett ajudava Bonnie com a dela.

— Rose, eu acho que você está usando água demais.
— Você tem que ajudar a Bonnie e não dar palpite no meu, me deixar brincar. — falou e continuou moldando a argila.
— Deixa a tia Rose em paz, tio Emmett. — a criança falou rindo e então coçou a bochecha com as mãos sujas, sujando-a.
— Tá, foi apenas uma opinião. E que se você usar tanta água...
— Secará e vai ficar muito bonito, me deixa fazer isso sozinha! Está bonito, não é?

Ele sorriu. Claro que estava lindo, qualquer coisa que ela fizesse ficaria perfeito para ele, assim como ela mesma. Estava tão linda e adorável daquele jeito. Manchas de argila na roupa cirúrgica, a bochecha suja também, igual Bonnie que também tinha argila no rosto e roupa. Era uma das cenas mais adoráveis que já tinha presenciado, tinha esquecido por alguns momentos que Rosalie não se lembrava dele e que estavam ali apenas como amigos.

— Claro. Está lindo! É o mais lindo pássaro que eu já vi, com certeza!
— Pássaro? É uma tartaruga.
— Oh, eu sei... É claro que eu sei, estava apenas brincando, descontraindo o ambiente, sacas?

Rose fez bico enquanto Emmett tentava se desculpar e Bonnie ria.

— Vocês dois são namorados? — Bonnie arqueou a sobrancelha.
“Sim” “Não” - Emmett e Rosalie responderam ao mesmo tempo, depois riram.
— Vocês me deixaram confusa. São ou não?
— Hum... Na verdade eu não me lembro Bon. Eu sofri um acidente de carro e bati a cabeça, então não me lembro de muitas coisas. Inclusive do Emmett.
— Ah, mas dói?
— Não, eu apenas não lembro. É como se eu não conhecesse ninguém ou não tivesse vivido nada, não tenho nenhuma lembrança.
— Ah, eu sinto muito!
— Está tudo bem, eu estou conhecendo o Emmett novamente e agora conheci você, são duas novas lembranças e eu estou gostando muito delas! — sorriu.
— E você não vai se esquecer de mim, né tia Rose?
— Claro que não, meu anjinho. Eu só me esqueci de coisas antes do acidente, você eu vou lembrar para sempre!
— Mesmo depois que eu morrer, tia Rose?
— Não fale assim querida, claro que...
— Não precisa tentar me alegrar, tia. Eu sei que eu vou morrer e me acostumei com isso, sabe, a tia Nessie disse que eu sou uma menininha muito boa e meninas boas vão para o céu e ficam junto do papai do céu. Ai eu vou virar um anjinho de verdade e vou proteger as pessoas!
— Você já é um anjinho agora, Bon, você é tão boa que o papai do céu não pode mais esperar para te ter ao lado dele. — Emmett disse sorrindo e tocou o rosto dela.
— Eu sei. Sabe, eu não sabia quem eu iria proteger quando virasse anjinho, mas eu já decidi. Vou proteger vocês dois, vou ser o anjinho da guarda de vocês dois! — falou animada.
— Eu vou adorar te ter como minha anjinha! — Rose afagou a bochecha dela. Seus lábios tremiam com a força que fazia para não chorar, sorriu mordendo o lábio inferior como sempre fazia.

Terminaram de fazer suas esculturas de argila. Rosalie fez sua tartaruga enquanto Bonnie e Emmett fizeram um grande coração com um R+E desenhado com o dedo encima. Vanessa entrou na sala sorrindo e riu com a situação dos três, todos sujos.

— Tudo bem Bon, hora de tomar banho e se preparar para dormir. Você tem que tomar seu remédio e descansar, ok?
— Tá bom tia Vanessinha, mas será que depois que eu tomar banho eu posso reescrever minha cartinha? Porfavor?
— Mas por que, Bonnizinha?
— É que eu quero refazer meu pedido, mudei de idéia. Temos que fazer rápido antes que chegue à hora do papai Noel pegar as cartinhas. — sorriu. — Gostou das nossas esculturas, tia Nessie?
— Claro, o coração ficou lindo e é um lindo pássaro, Rose!
— O que... Deixa pra lá, eu desisto! — Rosalie bufou, com cuidado pegou o anel do colo e ficou em pé.

Bonnie e Emmett mal conseguiam parar de rir, Vanessa encarava sem entender o que tinha dito de errado. Ela levou a pequena Bon para tomar seu banho e indicou o grande banheiro dos enfermeiros para que os dois pudesse se levar. Começaram tirando as roupas cirúrgicas e depois se inclinaram na pia para lavarem as mãos, rosto e Rose o anel.

— Ela é uma graça, não é? — Rose quebrou o silêncio, queria ouvir a voz dele de novo.
— Com certeza. Queria ter metade da força dela, tão pequena, com tantos problemas e com aquele enorme sorriso no rosto. É um exemplo para todos!
— Verdade. Tão triste pensar que ela pode morrer... É tão triste a idéia de alguém tão inocente morrer e tão absurda ver uma mãe que abandona a filha por causa de uma doença. Mas ela é feliz, pelo menos.
— Você gostou de ter vindo? — Emmett perguntou a olhando nos olhos.
— Sim. Obrigada! Se nós fazíamos isso antes tenho certeza que eu era muito feliz, é uma ótima sensação. Mas por que exatamente a gente fazia isso?
— Porque você gostava, simplesmente. Você adorava o natal, é uma data tão familiar e feliz, mas tem pessoas sofrendo e você queria ajudar um pouco, então nós éramos voluntários em um hospital infantil e ficávamos lá o dia todo até a noite quando voltávamos pra casa para a ceia.
— Isso é bem legal mesmo!

Como tirar os olhos daqueles dois olhos azuis profundos e brilhantes? Era impossível. Rose sentia o coração acelerar, aproximou-se dele a ponto de sentir seu delicioso hálito em seu rosto, seus lábios quase se tocavam...

— Rosalie, Emmett? — Vanessa o chamou fazendo que se assustassem, então apareceu na porta do banheiro — Estão precisando de alguma coisa para se limpar?
— Não, já estamos limpos. Obrigado. — Emmett falou sem tirar os olhos de Rosalie.

Os dois saíram do banheiro e viram Bonnie sentada na mesinha já trocada e limpa escrevendo. Ela não quis dizer exatamente o que estava escrevendo, apenas disse que era um novo pedido de natal. Enquanto isso, conversavam com Vanessa e perguntaram o que a pequena tinha e ela começou a lhe explicar com pesar:

— Ela tem um sério problema no coração desde que nasceu e um coágulo no cérebro que pode estourar a qualquer momento e ela morre. Está internada no hospital desde que tem três anos e agora tem sete com aparência de cinco de tão pequena e frágil. Vai ser uma grande perda para todos nós quando ela se for. Ela é uma menina tão boa e amável, não temos mais o que fazer por ela, então eu espero que ela não sofra quando chegar a hora, só isso que eu peço todos os dias!

Emmett pegou a sacolinha com doce e se aproximou dela.

— Sei que a senhorita está muito entretida em sua cartinha, mas será que aceita uma bengalinha de açúcar de natal?
— Eu posso comer tia Nessie? — perguntou sorrindo cheia de expectativa.
— Quantas você quiser meu amor, com tanto que você escove bem os dentes antes de dormir depois, estamos combinadas?
— Legal. — sorriu. Pegou a bengala de açúcar e colocou na boca, Emmett fez o mesmo.
— E então, não vai me dizer o que está escrevendo?
— Uma cartinha pro papai Noel. Você não pode contar pra tia Rose, está bem? — ele assentiu. — Eu vou pedir pro papai Noel dar de volta as lembranças da tia Rose, assim ela se lembra de você e vocês voltam a namorar, não é legal?
— Sim Bon, é muito legal. Mas será que você não prefere uma boneca?
— Não. Quando eu virar anjinha de vocês eu não vou precisar de boneca, então o papai Noel pode dar a boneca para outra criança e devolver a memória da tia Rose como meu presente!
— Obrigado Bonnie! — foi tudo que conseguiu dizer enquanto controlava as lágrimas. Uma menina tão pequena e tão bondosa que podia pedir brinquedos ou saúde, mas mesmo assim preferia a felicidade alheia. Emmett sorria enquanto a via escrever a carta com a lingüinha de fora.

Em alguns minutos ela terminou de escrever a cartinha e colocou dentro de um novo envelope branco. Na frente escreveu – Com muito amor para o querido papai Noel, de Bonnie ♥.

— Será que ele vai receber a minha cartinha, tio Emm?
— Com certeza, Bon!
— Bonnie, querida, está na hora de escovar os dentes e ir para cama, e pode deixar que eu vou entregar a sua cartinha para o papai Noel. Eu prometo! — Nessie falou sorrindo e pegou a menina no colo.
— Vocês dois não vão embora ainda, quero me despedir ok?
— Tá bom, anjinha!

Os dois sentaram em uns bancos enquanto esperavam Bonnie voltar do banheiro onde escovava os dentes. Sentados ali sem trocar uma palavra, mas mesmo assim conectados de alguma maneira. Ambos se levantaram assim que a pequena saiu do banheiro saltitante, soltou a mão de Nessie e correu até os dois e abraçou suas pernas ao mesmo tempo com um pouco de dificuldade, mas ambos a ajudaram se aproximando.

— Obrigada, muuuuito obrigada! — ela agradeceu baixinho. Emmett a pegou no colo e viu que tinha lágrimas em seus olhos. — Vocês me deram o melhor natal da vida, eu nunca vou esquecer.
— Oh anjinha. Eu também não! Foi como o primeiro natal e nunca vou esquecer, obrigada! — Rose sorriu deixando se entregar a emoção caindo em lágrimas. Beijou a testa da menina enquanto Emmett beijou seu rosto.
— Agora para cama, Bon. — Emmett falou sorrindo e carregou a menina até a cama.

Vanessa não se quis interromper a bela cena que presenciava então ficou de longe, Jacob, seu namorado, chegou e ela saiu com ele da sala. Bonnie já estava bem sonolenta pelo forte remédio que tinha tomado, coçou os olhos bocejando.

— Obrigada, eu adorei passar a véspera de natal com vocês. Foi perfeito. Eu não sei se vou estar aqui no próximo, mas se estiver vou adorar repetir isso!
— Com certeza. — Rose acariciou seu rosto e a beijou. — Agora dorme ok? Daqui a algumas horas o papai Noel vai buscar sua cartinha e deixar seu presente, então tem que dormir.
— Tá bom. Eu espero que vocês dois se acertem ok? É natal, tem que ficar juntinhos! — sorriu. — Feliz natal tia Rose! Feliz natal tio Emmett!
— Feliz natal anjinha! — os dois falaram juntos e sorriram.

Bonnie bocejou mais uma vez sonolentamente e suas atenções se viraram para a televisão, onde passava um desenho da Disney e Jack cantava suas músicas de natal. Emmett e Rosalie foram para a saída. Ela colocou de volta a echarpe e o casaco. Despediram-se com abraços calorosos de Vanessa e Jacob desejando feliz natal. Vanessa entrou no quarto, pegou a cartinha que Bonnie tinha feito e entregou a Rosalie, para que não se esquece da menininha mesmo depois que ela partisse e então os dois voltaram para o carro. O melhor natal da vida para ambos, não por estarem juntos, claro que isso ajudava, mas não era apenas por isso. E sim Bonnie. Bon tinha preenchido um vazio que tinha no coração de ambos, preenchido com amor fraternal, esperança, alegria, além de vários outros bons sentimentos que são precisos no natal e além de ensinara grandes lições. O quanto pequenas coisas podem preencher vazios e trazer felicidade.

(música: http://www.youtube.com/watch?v=zax_XGIOEi8)

A neve estava presente na paisagem em menor quantidade do que do ano passado em que eles estavam abraçados no Central Park compartilhando a véspera de natal. Emmett sentiu falta daquilo. Agora era o momento em que os dois iam abraçados para o Central Park felizes por terem ficado com as crianças o dia todo, mas não dessa vez. Entraram no jeep e Emmett a levou de volta para a casa dos Cullen, não demorou muito a chegar ao lugar.

— Você não se lembrou de nada? Nada? — Emmett perguntou com esperança já do lado de fora do carro frente a frente com ela.
— Eu sinto muito Emmett, por mais que eu tente... Eu não lembro. Desculpa! — pediu com os olhos cheios de lágrimas. — Se éramos namorados eu não tinha que me lembrar? Ter alguma lembrança sua na minha mente ou na minha casa? Algo mesmo que material?
— Er...
— É melhor você seguir o seu caminho, Emmett. Eu não sou a mesma de antes do acidente, minha memória está destruída e eu estou cheia de cicatrizes, não sou a namorada ideal.
— Eu não me importo, você continua sendo a Rosalie... Aquela menina mulher que eu me apaixonei, que completou e mudou minha vida... — falou com um último resquício da voz. — Eu te amo Rose!
— Eu sinto muito, Emmett! — ela o abraçou chorando. Abaixou o rosto em seu ombro e sentiu as mãos dele em sua cintura apertando-a contra seu corpo. Ela se sentia bem naqueles braços, se sentia protegida e amada nos braços daquele estranho conhecido. Quando o soltou viu lágrimas nos seus olhos e rosto, enxugou-as com delicadeza e tentou sorrir: — Feliz natal Emmett!

Começou a se afastar em lágrimas. Se era o certo, por que estava doendo tanto se afastar dele? Era natal, não tinha que estar sofrendo. Por quê?

— Rose? — ele a chamou já sem esperanças, ela se virou. Passou a mão rapidamente no rosto e andou até ela: — Tem uma lembrança do nosso namoro com você. O anel. 1, 2, 3, 4.
— Que... Como você sabe?
— Eu tenho igual. — ele falou e colocou o anel na mão dela. Igual o que ela carregava nos dedos, prateado e dentro os mesmos números.
— O que... S-significa?
— Era uma música que gostávamos e você teve essa idéia. There's only 1 thing 2 do, 3 words 4 you. I love you! (Há apenas uma coisa, a fazer, três palavras para você. Eu te amo!). E no meu tem os mesmo números, mas outro significado. There's only 1 way 2 say those 3 words, that's what I'll do. I love you! (Há apenas uma maneira de dizer aquelas três palavras, é isso que vou fazer. Eu te amo).
— Eu...
— Feliz natal, Rosalie. Eu te amo! — beijou a testa dela e voltou para o carro, indo embora.

Eu sei que esta não deveria ser uma época solitária, mas houve natais em que você foi minha.

Rosalie entrou na casa correndo, passou direito pela família na sala e subiu para o quarto, onde se jogou na cama chorando. Encarava aqueles dois anéis na mão e chorava. Belo natal. Tirou a echarpe, o casaco e livrou-se da boina.

— Está tudo bem, Rose? — Jasper entrou no quarto preocupado. — Por que você está chorando?
— Eu passei à tarde com o Emmett... Você o conhece? — ele assentiu. — Ele era meu... Meu namorado?
— Sim. Vocês dois namoravam, Rose!
— Eu só queria... Lembrar. Só isso. — abaixou a cabeça chorando. — Será que era pedir demais? Eu estou me sentindo tão... Infeliz.

Jasper levantou-se abruptamente e saiu do quarto, voltando vários segundos depois com uma caixa vermelha em mãos. Sentou-se novamente na cama e a abriu, dentro várias fotos, papeis e outras coisas.

— O médico disse que forçar sua memória talvez não fosse o melhor, mas talvez seja o melhor a fazer aqui. Essas são suas coisas com o Emmett, quando nos mudamos para cá peguei tudo e coloquei nessa caixa para te entregar quando você melhorasse.
— Uau.
— É natal Rosalie. Época de amor e felicidade. Era sua época favorita sabia? Nós perdemos os nossos pais, você sua memória e ambos estamos sofrendo, mas nós vamos sobreviver, eu sei. Mas do que adianta sobreviver tão triste? Por que você não faz algo para melhorar esse natal? Faz o que seu coração está mandando, Rose.

Ela o encarou, confusa, e começou a ver as fotos. Em todas sorria com Emmett, ora se abraçando ora se beijando, em momentos de brincadeiras ou romance. Chorou ainda mais. Eles realmente namoraram. Ela não se lembrava dele, mas sentia sua falta, era incompreensível. Pediu a Jasper um tempo sozinha, ele beijou sua testa e saiu do quarto. Ela encarava uma única foto, ela e Emmett mostrando os anéis. Sorriu entre as lágrimas.

Desceu vários minutos depois para ver a família e foi apresentada para Isabella, que era a namorada de Edward, e para os pais dela. Ficou ali tentando acompanhar a conversa, mas não conseguia. Sua mente voava para Emmett a todo o segundo, sentia sua falta. Mesmo cercada pela família sentia-se sozinha, era como se o natal não fosse a mesma coisa e faltasse algo. Ou alguém.

Mas para mim é apenas uma época de solidão, porque houve natais em que você foi meu.

Não sabia por que, mas lembrou-se de Bonnie e de sua carta. Pediu licença a todos naquela sala e subiu para o quarto. Pegou o casaco novamente e no bolso e o envelope de Bon, não se sentia mal por abrir, mas talvez não fosse certo. Mesmo assim continuou, abriu-o e tirou de dentro a carta. Abriu-a com cuidado e viu aquela letra infantil, mas extremamente fofa que a fez sorrir, começou a lê-la.

“Querido papai Noel,
Eu sei que talvez devesse estar pedindo algo para mim, um brinquedo ou saúde como todos me dizem, mas eu não quero isso. Eu sei que eu vou morrer, mas papai Noel, eu não tenho medo disso, eu juro. Então o meu presente é para outra pessoa está bem? É para um casal que eu conheci só hoje, mas parece que os conheço há muito tempo. Ela é uma mulher muito legal e passou o natal (véspera de natal na verdade) comigo aqui no hospital onde eu estou internada, o nome dela é Rosalie (eu a chamo de tia Rose, mas o nome dela é Rosalie, não se confunda!). Então, a tia Rose sofreu um acidente e machucou a cabeça, ai todas as memórias e lembranças dela sumiram, será que o senhor não podia trazer de volta? Ai ela se lembraria de tudo inclusive do tio Emm (o nome dele é Emmett, mas eu chamo de tio Emm, também não confunda!). Os dois eram namorados, mas ela não se lembra dele, você já pensou o quanto isso deve ser ruim? Ela não se lembra de nada, dos natais que passou com a família e com ele, não se lembra da comida favorita, do desenho favorito, não se lembra de nadica de nada. E o pior, ela não se lembra do quanto ama o tio Emm e do quanto ele ama ela. Eu queria pedir também para o senhor só mais um pouquinho de tempo assim poderia brincar mais com eles, mas eu realmente não me importaria se o senhor devolvesse apenas a memória da tia Rose e a minha boneca você dá para outra criança que esteja sem dodói e sem brinquedo. Eu juro que não ficaria chateada, se você realizasse o meu desejo seria o melhor presente para os dois e pra mim também! Ficaríamos todos muito felizes!
Hoje nós brincamos de argila, eu e o tio Emm fizemos um coração e desenhamos encima R+E (foi idéia dele é claro, ele disse que era para não me esquecer dele e da tia Rose, mas é claro que não era por isso, mas vamos fingir que acreditamos nele, ok?) e ela fez uma tartaruga (na verdade parecia um pássaro, mas ela disse que era uma tartaruga, então não diz para ela que eu falei isso ok? Ficou bonitinho, mas não parecia muito uma tartaruga, segredo!), você tinha que ver o jeito que o tio Emm olhava para a tia Rose enquanto ela brincava com a argila, papai Noel, ele sorria só de vê-la sorrindo, os olhos dele brilhavam e parecia realmente apaixonado (sabe como eu sei que ele estava apaixonado? Porque ele olhou para ela igualzinho o tio Jake olha para a tia Nessie, e eles são namorados e estão apaixonados!), então será que você não poderia fazer isso? Trás de volta a memória da tia Rose e assim os dois vão passar o natal juntos e apaixonados como antes, eles merecem isso, por favor, por favor, por favor! Eles são as melhores pessoas que eu conheço (junto com a tia Nessie, o tio Jake e o tio Carlisle também, mas eles têm tudo que querem). Se o senhor fizesse isso ela não ficaria triste no natal, ele não ficaria sozinho e seria melhor que ganhar a minha boneca. Obrigada!
Com muito amor e esperança, Bonnie.”


Quando percebeu estava em lágrimas e sorrindo. Escreveu um bilhete rápido para o irmão que certamente iria procurá-la e deixou encima da cama. Voltou a colocar os agasalhos, passou no quarto de Jasper, pegou a chaves do carro e saiu pelas portas do fundo sem ninguém perceber, seu natal não estava completo, sabia o que precisava.


Era o pior natal de sua vida. Começara bem e esperançoso, mas não era o final que ele esperava, solidão doía. Emmett refletia sobre isso enquanto bebia no único bar aberto na noite véspera de natal daquela pequena cidade. No bar tinha alguns casais namorado, alguns homens e mulheres sozinhos procurando companhia para a noite de natal, um clima melancólico. Estava com os cotovelos apoiados no balcão e a foto com a Rosalie em sua frente, lutava contra as lágrimas e contra dor, sua única ajuda era a bebida.

— Mais um aqui, companheiro! — pediu, apontando para o copo de cerveja que estava vazio, pro atendente atrás do balcão que lavava alguns copos.
— Depressão na véspera de natal também? — um homem perguntou e sentou-se ao lado dele. Estava de terno e gravata completamente desleixado. Cabelos bagunçados e gravata frouxa. — Ai Jack, o que você tiver de mais forte!
— É. E você?
— Minha mulher está agora comendo o peru de natal com o novo marido dela e com meus filhos. Ela me deixou apenas desejar feliz natal para eles, entregar os presentes e me expulsou de casa. Natal de merda! E você, por que está aqui?
— Minha namorada sofreu um acidente de carro e perdeu a memória, vim de Nova York até aqui ver se ela se lembrava um pouco que seja de mim, mas nada. Estou aqui passando o natal sozinho! — falou amargo e bebeu outro gole da cerveja.

(música: http://www.youtube.com/watch?v=iugkT4lvzCc)

Eles continuaram bebendo ali sozinhos. Uma solidão natalina, que ironia. Vários minutos depois os sinos da igreja começaram a tocar, era meia noite. Escutava todos se cumprimentado, se abraçando, até o homem que estava sozinho ao lado de Emmett agora abraçava uma mulher que também estava sozinho.

— Feliz natal, Rosalie! — ele falou sorrindo para a foto e tocou o rosto de Rosalie nela.
— Feliz natal, Emmett! — escutou a resposta na voz de Rosalie.
— Era só o que faltava, agora além de sozinho eu estou doido, ouvindo vozes. Muito bem Emmett.
— Se você olhasse para trás veria que não está doido e que eu realmente estou aqui atrás de você. — Rosalie falou divertida.

Foi o que ele fez, se virou e lá estava Rosalie. Sorrindo gloriosamente e hesitante enquanto mordia o próprio lábio inferior. Emmett a encarava com total surpresa.

— O que você... Você se lembrou de mim? Lembrou-se de nós?
— Não, eu sinto muito. Eu ainda não me lembro de nada.
— Então o que...
— Eu não ligo. Eu me apaixonei por você uma vez antes do acidente e hoje, apenas um dia, foi suficiente para eu me apaixonar de novo e mesmo sem te conhecer eu sinto a sua falta, então acho que isso deve significar algo, não é? É natal, Emmett. Época de ter e sentir amor, esperança, fé, ter só sentimentos bons e longe de você tudo que eu sinto é tristeza e solidão.
— Oh Rose... Eu sinto mesma coisa, só queria passar o natal com você.
— Eu não me lembro de nada sobre meu passado, não tenho nenhuma linda recordação para lembrar, mas se você tivesse um pouco de paciência comigo eu adoraria começar a construir novas, começando por esse natal. — Rosalie sorriu com os olhos cheios de água. — Eu quero passar meu natal com você...
— Eu não poderia desejar outra coisa nesse natal, Rose. Eu te amo tanto. — acariciou o rosto dela enquanto sorria.
— Então pega isso de volta porque ele é seu. — sorriu devolvendo-lhe o anel, colocou em seu largo dedo e sorriu. — Eu vou passar meu natal com você!

Eu não tenho ninguém em casa para conversar e você não tem nada pra fazer,
Então eu vou passar meu natal com você.

Ele sorriu animado e a beijou. Era como o primeiro beijo dos dois. Suas bocas se encontraram gentilmente e logo a língua de Emmett tomou passagem na boca dela. As mãos dela estavam em seu rosto e acariciavam sua face e nuca, assim como as dele acariciavam sua cintura. Ambos podiam escutar os sinos e anjinhos cantando, era natal. Suas bocas se separaram com um grande sorriso.

É natal e nós estamos apaixonados.

— O que fez você para mudar de idéia, Rose?
— Tudo, mas o que mais influenciou foi a carta da Bon que me... Abriu os olhos. Ela, mesmo antes de morrer, — falou essa parte com um pouco de dificuldade, mas continuou — é a nossa anjinha da guarda, nosso milagre de natal.
— Bonnie. Ah, então o desejo dela, de certa forma, foi realizado. Estamos juntos! — ele disse sorrindo a abraçando pela cintura.
— Sim e agora temos que ser felizes, como ela quer. Devemos isso a ela!
— Se depender de mim é o que mais seremos, felizes! — falou animado.

Rosalie se aconchegou nos braços daquele estranho conhecido. Aquele homem que mesmo sem fazer parte de suas memórias fazia parte de sua vida e de seus natais. Porque isso era o natal. Não apenas um dia, mas um estado de espírito. Quando ficamos cheios de amor, esperança, fé e todos os sentimentos bons que nos dias comuns esquecemos, mas que deviam ser nossos companheiros diários. Rosalie aproximou o rosto da orelha de Emmett, deu um leve beijo.

— Feliz natal, Emmett. Eu te amo! — sussurrou sorrindo e se apertou ainda mais nele.
— Feliz natal, Rosalie... Eu também amo você! — sussurrou de volta e continuou: — E feliz natal Bonnie... Muito obrigado!

Ambos sorriram sabendo que onde e como quer que Bonnie estivesse estaria sempre com eles, faria parte daquele milagre de natal e dos próximos natais, faria parte das novas lembranças que Rosalie estava construindo ao lado de Emmett e seria sempre o anjinho da guarda dos dois.

Andando com dificuldade, enfrentando uma forte tempestade de inverno
Nós nos conhecemos nos cruzando e agora nossos espíritos estão quentes!


Fim. Feliz natal.
































































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