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Merry Christmas, Honey!







Sinopse

Vampiros não têm controle sobre sua sede de sangue. Edward Cullen não seria diferente. Porém, ele só caça pessoas da escória para tentar se sentir melhor.

Isabella Swan perdeu os pais e mora num orfanato desde os dez anos de idade. Se as crianças não fazem seu trabalho direito – seja limpar o chão ou as lições do colégio –, a dona do orfanato as castiga. Pequenos cortes e torturas físicas e psicológicas, por exemplo.

Bella está se aproximando dos dezoito anos, o que significa que ela sairá logo do orfanato. Mas sairá para viver nas ruas, já que não tem um tostão no bolso.

E isso é um grande perigo hoje em dia.

Porque Edward está à solta.


Capítulo Único: Feliz Natal, querida.

Bella estava esfregando o chão mais uma vez naquela semana. Na verdade, o chão precisava ser limpo duas vezes na semana. E hoje principalmente porque uma família viria adotar uma criança.

Ela bem sabia que não iam querer adotar uma adolescente de dezessete anos, esquálida, com cabelos e olhos castanhos e nada que chame a atenção. Então Bella não tinha esperanças.

– Bote força nisso aí, Isabella! – Gritou Alice, uma das empregadas da dona do orfanato St. Mary. Era pequena, de cabelos e olhos castanhos. Quem a olharia, diria que era um doce de pessoa, mas era irritante e terrivelmente má.

Alice ajudava Esme – dona e tirana daquele lugar – a cuidar das crianças dali. Bella também ajudava porque era mais velha. E também porque nutria um carinho especial pelas crianças, ao contrário das megeras.

Bella esfregou o chão com mais força e mais raiva, querendo que fosse o rosto de Alice ali, e não o chão.

Seu aniversário de dezoito anos estava chegando. Seria amanhã, treze de setembro. E ela mal podia esperar para sair do St. Mary. Não queria deixar suas crianças ali, mas não poderia adotá-las. E Bella mal teria como sustentar a si mesma, quanto mais uma daquelas crianças que tinham a oportunidade de ganhar uma família!

– Bella! Bella! Corra, Nessie se machucou! – Gritou Jacob. Depois de Bella, Jacob e Nessie eram os mais velhos, ambos com treze anos.

Renesmee – Nessie era um apelido que seus pais lhe deram – era como a protegida de Bella, quase uma filha. Nessie foi deixada no orfanato com um ano de idade, dentro de uma cesta com cobertores. Isabella que atendera, por isso tinha um carinho especial para com a criança.

Bella largou o esfregão e correu junto com Jacob até o jardim. Encontraram Nessie com um talho na mão e desmaiada. Mas Bella não se preocupou muito com o desmaio porque Nessie era sensível ao sangue. Jacob pegou Nessie no colo e foi para o quarto da garota, acompanhado por Bella e outras crianças.

– Fiquem aqui. Nessie vai ficar bem. Eu aviso quando ela acordar. – Bella falou, deixando as crianças ali.

Assim que entraram no quarto, Jacob deixou Nessie deitada na cama enquanto Bella pegava uma caixinha de primeiros socorros debaixo da cama. Ela já estava acostumada a cuidar das outras crianças, então não foi difícil cuidar do corte de Nessie. Mas a ruiva de olhos verdes – Nessie – ainda não acordara. Bella olhou para Jacob, que olhava Nessie com carinho. Ela sorriu.

– Você gosta de Nessie. – Bella afirmou. Jacob a olhou, surpreso e corado.

– O quê? Não! Não, ela é minha amiga. Eu a amo como amiga Bella – Ele respondeu, se embolando nas palavras. Bella riu de seu constrangimento.

– Nessie está desmaiada, Jake. Pode me falar, não vou contar a ela.

– É... Tá, tá bom. É verdade. Eu gosto de Nessie mais do que amiga. Por favor, não conte nada a ela! – Jacob implorou.

– Não se preocupe, não vou falar. Mas e você? Quando vai contar a ela? – Bella perguntou, séria.

– Quando tiver coragem. – Jacob admitiu, mordendo o lábio inferior e olhando pra baixo.

Mas ele não sabia que Nessie estava acordada. Ainda de olhos fechados, mas ouvira cada palavras da conversa de Bella e Jacob. Tentou não sorrir. Bella percebeu que a menina estava acordada pela tremedeira nas pálpebras. Reprimiu um sorriso e saiu do quarto com a desculpa que iria ao banheiro. Deixaria que os dois se entendessem.

Assim que desceu as escadas, foi em direção do jardim para avisar às crianças que Nessie estava bem, mas foi barrada por Rosalie.

Rosalie era loira de olhos castanhos. Tão linda que Isabella não sabia o que estava fazendo ali, e não numa passarela ou na capa de uma revista. Mas, com certeza, Rosalie era a que menos incomodava Bella. Ambas ficavam quietas, cada uma no seu canto, e mal se falavam. Era simplesmente prático. Isabella aparentava ter medo de Rosalie e Rosalie aparentava odiar Isabella – como as outras megeras. Mas ela apenas não demonstrava isso tão claramente.

– Vi você levando Renesmee para o quarto junto com o Jacob. O que houve com ela? – Rosalie perguntou quando Bella passou por ela.

A loira não demonstrava, mas também gostava das crianças. Era fria e não costumava deixar seus sentimentos à mostra, mas se preocupava com cada uma das crianças naquele orfanato. Aliás, se não fossem por Bella e Rosalie, as crianças viveriam num inferno totalmente.

Isso consolava Bella; assim que saísse do orfanato, as crianças ainda teriam Rosalie.

– Ela se cortou e apagou porque não consegue ver sangue sem desmaiar. – A morena respondeu.

– Ela está bem agora?

– Sim, provavelmente já está acordada.

– E você a deixou sozinha com um garoto, Isabella? – Rosalie perguntou, indignada.

– Jacob não vai estuprá-la ou qualquer uma dessas coisas que você está pensando, Rosalie. Eles são amigos. – Por enquanto, Bella completou mentalmente.

Rosalie suspirou. Assentiu, virou-se e subiu as escadas. Bella foi até o jardim e comunicou às crianças que Nessie estava bem.

(...)

O aniversário de Bella era amanhã e as crianças bem sabiam o que iam acontecer com ela. Logo de manhã ela seria despachada sem nem ter chance de se despedir dos pequenos. Por isso, hoje, eles estavam se despedindo de Bella.

– Bella! Leve-me junto, por favor. Eu vou sentir tanto a sua falta... – Nessie soluçava, agarrada em Bella.

Bella também chorava. Já tinha se despedido de todas as outras crianças, mas agora era a vez de Nessie. A morena lutou para que a pequena olhasse em seu rosto.

– Eu também vou sentir sua falta, querida, mas não posso te levar junto. Mal vou conseguir sustentar a mim mesma, quanto mais com você ao meu lado. Você passaria fome e frio comigo. Aqui, você terá a chance de ser adotada. – Bella falou, com a voz embargada.

– Ninguém vai querer adotar uma garota de treze anos, Bella. E... Eu e Jacob iríamos fugir daqui mesmo assim. Por favor, não iremos incomodar e podemos... Podemos roubar. Bella, por favor! – Bella sabia que Jacob não daria o braço a torcer, não imploraria para ela daquele jeito. Então ela sabia que Nessie estava pedindo por ele também.

– Não, não! Roubar, não. E quanto a fugir, bem... Não, esqueçam. O mundo por aí é muito perigoso. Vocês não têm idéia. Aqui, apesar das maldades, estarão em segurança.

– Segurança! – Jacob zombou. – Qualquer coisa é melhor do que isso. – Ele estendeu o braço e mostrou o corte em forma de meia-lua feito nas costas da sua mão.

Bella engoliu em seco e desviou os olhos da cicatriz.

– Ouçam. Vocês serão os mais velhos aqui depois que eu sair. Cuidem das crianças. Elas não têm ninguém além delas mesmas. Se não se cuidarem entre si, irão definhar em solidão. E outra coisa, digam a todos para confiar em Rosalie. – Bella disse, olhando seriamente para eles.

– Rosalie? – Os dois perguntaram, confusos.

– É, Rosalie. Ela pode não demonstrar, mas, das três, ela é a única que se preocupa de verdade com vocês.

– Ah... Tá. – Nessie concordou. Jacob assentiu assim que Bella olhou para ele.

– Avisem isso para as outras crianças e... – Bella pediu, mas foi interrompida.

– Anda, pirralhos, vão dormir! – Alice ordenou, irritada, enquanto chegava perto do amontoado de crianças junto com Rosalie.

Renesmee e Jacob olharam, hesitantes, para Bella. Ela assentiu, sorriu e os dois correram para a escada, subindo-a rapidamente. Ainda estavam chorando. Logo estavam apenas as três na entrada do jardim.

– Então você irá embora amanhã, Swan? – Alice riu.

– Sim. – Bella respondeu, simplesmente.

– Bom, nós não podemos te deixar sair daqui sem uma marca, não é? Afinal, você não esfregou o chão muito bem ontem. – Alice estreitou os olhos, como uma pequena cobra.

Bella sabia o que elas queriam dizer. Seu coração deu um pulo e se apertou. Ela teria de aguentar mais uma das torturas que Esme fazia. Engoliu em seco e olhou para Alice. Depois, seu olhar seguiu para Rosalie, a procura de defesa. Rosalie nunca fizera nada, e não era hoje que ira fazer.

A morena menor se virou, seguida da loira e as duas começaram a andar na direção da salinha embaixo da escada. Era lá que eram feitas as torturas. Bella pensou em fugir naquele momento, porque as duas não estavam olhando-a e estavam longe o suficiente para não perceberam que Bella tinha fugido. Mas antes que ela pudesse dar um passo, Alice se virou para ela.

– Vamos, idiota! Não temos a noite toda! – Ela ralhou. Bella suspirou e correu para debaixo da escada, seguida por Alice e Rosalie.

Esme era uma mulher alta e elegante. Com cabelos caramelo-claro, em ondas, que iam até o meio das suas costas. Olhos afetivos castanho-claros que, naquela hora, estavam bem longe de afeição. Na opinião de Isabella, Esme sempre esteve com a cara fechada, e os sorrisos que dava eram sempre de escárnio e deboche. Ou talvez até de divertimento – Bella já ouvira as gargalhadas da dona do orfanato quando torturavam alguma criança. Aquela mulher era horrível.

– Então a nossa querida Bella irá embora amanhã? Pensou que, por causa disso, poderia limpar o orfanato com a sua cara! – Sibilou Esme.

– N-não. – Bella gaguejou, se encolhendo. Alice soltou uma risadinha.

– Hoje eu irei pegar leve, não se preocupe. Mas é só porque você irá embora. Para comemorar, entende? – A senhora de cabelo cor de caramelo falou, despreocupada.

Bella ficou quieta e a observou pegar um canivete. Limpou a lâmina na blusa e disse:

– Será um corte pequeno, você nem irá sentir tanta dor. Mas sempre que olhar vai se lembrar de nós – Esme sorriu, irônica.

Cortou Isabella nas coxas, ignorando seus gritos de dor.

(...)

Bella seguiu pelas ruas geladas de Seattle. Carregava consigo sua mala – uma mochila – e contemplava a noite nublada. Sozinha. Pouquíssimas pessoas passavam por ela, afinal, já devia ser mais de meia-noite. Hoje já era dia primeiro de dezembro e Bella ainda estava andando sem destino pelas ruas.

Agasalhara-se o máximo que pudera, mas ainda assim tremia de frio. Os espasmos passavam pelo seu corpo e ela mal conseguia sentir os dedos das mãos. Seu estômago roncou mais uma vez. Ela não comia há dias. Roubou comida algumas vezes, mas foi pouco. Suspirou e continuou andando.



Edward tinha acabado com o corpo da prostituta. Sugara a última gota de sangue do corpo da garota. Ela não devia ter mais que vinte anos de idade. Mas, pelo menos, não havia drogas em seu sangue.

Os olhos dele estavam vermelho carmim. Ele olhou o relógio de pulso da prostituta e percebeu que logo amanheceria. Edward sorriu, lembrando-se das lendas humanas sobre o efeito do Sol em vampiros.

Era tudo ridículo. Os vampiros apenas evitavam o Sol porque era mais seguro caçar à noite. E Edward particularmente gostava da descrição da Lua.

Correu na sua velocidade sobrenatural até um prédio velho, abandonado e isolado. Era uma antiga fábrica de enlatados que fechara há muitos anos. Mais de uma década. Ele vivia ali. Sozinho.

Na fábrica havia apenas ele, um piano de corda, uma pilha de livros velhos e um divã tão vermelho quanto seus olhos. Tudo roubado. A não ser o divã, que se encontrava numa sala da antiga construção que ele deduzira ser o escritório.

Sorriu ironicamente consigo mesmo e foi até o piano. Dedilhou uma musiqueta de Natal para comemorar a data. Abaixou a cabeça e lamentou estar sozinho. Nessas horas ele queria ter companhia.

Mas essa pessoa tinha de ser vampiro. Edward não tinha controle sobre sua sede. Não ainda. E, uma vez provado do sangue, é tão difícil parar quanto uma droga letal para o ser humano.

Desistiu da música e pensou em pegar mais um de seus livros. Mais ele já relera todos, já devia sabê-los de cor. Pensou em ir roubar mais alguma coisa, mas era de dia. Faria um alarde sem necessidade. Tinha que esperar até o Sol se pôr. Pensou em caçar, mas ele já tinha feito isso. Pensou em brincar com algum humano.

É, faria isso.

Saiu da antiga fábrica e correu até chegar na cidade. Começou a andar normalmente. Ainda assim chamou atenção das pessoas. Edward era tão bonito quanto um arcanjo. Se os antigos escultores em mármore quisessem fazer uma estátua do homem perfeito, com certeza fariam uma estátua de Edward.

Ele tentou não sorrir com a expressão deslumbrada das pessoas.

Entrou num beco a procura de alguém para ser sua vítima. No mesmo instante sentiu o cheiro de sangue. Apurou os ouvidos e ouviu a voz de uma garota:

– Argh. Bem que eu podia ter roubado esparadrapos também. – Ela murmurava. Estava irritada e a dor transparecia na sua voz.

Edward prendeu a respiração para que não atacasse já. O cheiro da garota era o mais doce que já tinha encontrado em todo o seu século como vampiro. Era simplesmente o melhor cheiro do mundo. Engoliu em seco – o veneno desceu por sua garganta com um ruído que só ele ouviu – e andou em direção à garota.

Bella tinha se cortado ao tentar achar alguma coisa no lixo – infelizmente chegara ao fundo do poço, segundo ela – e foi justamente no corte que Esme fizera há meses atrás. Ela pegou um pedaço da sua blusa, rasgando-a, e enrolou no pulso. Fez um pequeno nó, como um torniquete. Ela sentia o sangue saindo do corte, mas mesmo assim o pano pressionava o machucado fortemente, numa tentativa de fazer sair menos sangue.

– Posso ajudar? – Ela ouviu uma voz masculina lhe perguntar.

Assim que levantou a cabeça, sua boca se abriu; o homem – que mais parecia um garoto – era perfeito! Um sorriso torto apareceu em sua face e Bella teve que segurar o suspiro.

A primeira coisa que percebeu foram seus olhos vermelho-sangue.

(...)

– Então você vivia em um orfanato, mas teve que sair porque completou a maioridade? – Edward perguntou, enquanto estavam indo para a fábrica.

Bella aceitara ir depois de resistir muito. Ela, de alguma forma – suicida, com certeza –, confiava nele.

Erro grave. Muito grave.

– Er... Você ainda não me disse seu nome. – Bella falou, tentando mudar o assunto. Focar em outra coisa que não fosse a sua triste história.

– Edward. – Ele respondeu. Ela sorriu.

– Então – Ele continuou, ao chegarem na fábrica. –, é aqui que moro.

Bella sentiu a angústia e a insegurança tomando seu corpo. Sensações que deviam aparecer assim que ela visse Edward, ou assim que ele lhe oferecesse a oportunidade de ir à sua “casa”. Mas essas sensações se atrasaram um pouquinho e agora já era tarde demais.

Ela engoliu em seco e entrou na casa, hesitante. Edward sorria, andando atrás de Bella, seguindo-a enquanto ela ia até o piano.

– Você toca? – Ela perguntou, olhando para ele.

– Sim.

Bella sorriu, incitando-o para tocar-lhe algumas notas. Ele se sentou no banco e bateu ao seu lado para que Bella sentasse ali também.

Frio como gelo. Frio como... Um cadáver, foi o que Bella pensou assim que tocou em seu braço. Ainda assim ela o observou tocar uma música linda e aparentemente triste, em sua opinião.

As notas fluíam pela antiga fábrica e Bella se sentiu feliz pela primeira vez desde que saíra do orfanato. A canção tocou seu coração, assim como tocou o coração de Edward.

O que eu estou fazendo? Eu devia estar brincando com ela! Torturando-a, fazendo-a suplicar pela minha piedade! Por que estou tocando essa música para ela? Edward pensava.

A música era de sua mãe, uma música que ele mesmo compusera antes de virar vampiro, assim que concluiu as aulas de piano. Edward pretendia ser um grande pianista, mas não pôde realizar seu sonho. Na noite exata de vinte e quatro de dezembro, ele foi transformado por Carlisle Cullen, um vampiro firo e calculista que ensinou a Edward tudo o que ele sabe sobre vampiros hoje – a descrição de não se mostrarem aos humanos, a frieza, as técnicas de luta, os roubos que teria de fazer, as formas de torturar as pessoas como brincadeira – e o seu sobrenome emprestado.

Edward o matou depois de cinco anos, quando já tinha aprendido técnicas de luta o bastante para vencer um velho vampiro experiente.

E agora ele estava tocando para uma humana! O frio e impiedoso Edward Cullen estava tocando piano para uma humana desconhecida e pobre coitada. Isso não era algo que ele fazia todos os dias.

Edward não fazia isso, na verdade.

– É uma música incrível. – Bella comentou, assim que Edward parou de tocar.

– Eu compus para minha mãe. – Ele admitiu, sorrindo. O que eu estou fazendo, por Deus! Edward pensou, exasperado.

– Ela deve gostar muito. Você já pensou em mostrar isso para alguma gravadora? – Bella sentiu uma estranha empolgação ao pensar que poderia ajudar Edward de algum jeito.

– Não seja absurda, Isabella. – Edward riu. Ela corou e ele quase avançou na garota.

– Pode me chamar de Bella. – A morena murmurou, envergonhada. Não fazia idéia do que o pequeno gesto de corar significava pra Edward. Possivelmente a morte dela mesma.

– Bella, venha cá. – Edward levantou-se do piano e se sentou no divã.

Ele já estava farto de agir diferente de sempre. Iria torturá-la agora.

Bella o seguiu sem nem saber o que estava fazendo. Ela mal se sentou no divã e Edward a pôs deitada ali, como o bom predador que era. Bella arregalou os olhos ao ver a expressão do vampiro. E naquela hora ela sabia que ele não era humano. Não um humano normal, pelo menos.

– Edward! – Ela conseguiu achar sua voz e gritar.

– Shh, não vai doer, não se preocupe. – Ele riu, malicioso.

– Não! Solte-me! SOCORRO! – Bella gritou, mas logo foi silenciada pelos lábios de Edward.

Sua boca era tão gelada quanto seu corpo. Bella amoleceu, mesmo que o medo estivesse intrincado em seu corpo. Era uma sensação ruim, como agonia. Ela simplesmente se sentia ruim naquele momento. Não sabia se morreria naquele dia ou se ele a estupraria ou até mesmo algo pior. Ela já estava acostumada à dor, mas ainda assim sentia medo como uma menina de dez anos.

Bella sentia medo como na primeira vez em que fora torturada no orfanato.

Edward se separou dela por alguns instantes, para deixá-la respirando, e foi o suficiente para que ela gritasse:

– NÃO ME MACHUQUE!

Era o mesmo grito que ela dera há oito anos atrás. Aquele dia estava lhe parecendo um flashback da sua tortura. Bella sabia que sairia machucada dali.

Isso se saísse. E viva.

Esse era o seu maior medo. Morrer isolada. Bella mal podia aguentar-se de tanto medo.

Edward a olhou nos olhos. Viu todo o medo e agonia da garota. Ela sentia pavor dele. Algo em sua mente travou, o impediu de continuar. Ele não poderia matar aquela garota. Até porque, ela estava fazendo-o sentir seu coração bater. Era uma simples ilusão, Edward sabia, mas, mesmo assim, quase podia ouvir as suas batidas cardíacas.

Edward Cullen se apaixonou. Por uma humana. Uma humana sofrida e que tinha medo dele.

Bella percebeu a diferença. Ele não tinha mais o rosto de predador para ela. Tinha a expressão surpresa e incrédula, como se não acreditasse no que estava fazendo. Bella foi se acalmando, pouco a pouco. Talvez Edward tivesse voltando à razão e não a machucasse mais.

Ele se levantou e passou a mão nos cabelos, nervoso. Olhou para qualquer lugar, menos para Bella.

Não! Eu sou um vampiro. Encontrei essa humana para torturá-la, e é isso que irei fazer! Edward pensou.

Pegou Bella pelos braços e a levantou.

– Vamos fazer uma brincadeirinha, está bem? Você corre daqui e eu tento te pegar. Se eu não conseguir, você estará livre. – Edward propôs, sorrindo. Mas seu sorriso sumiu assim que ele continuou: – Porém, se eu conseguir...

Bella estava com os olhos arregalados. Olhos castanhos que faziam Edward lembrar-se de chocolate. Mas aqueles olhos estavam amedrontados e inquietos. Edward odiava vê-los assim, ainda mais porque ele era o motivo.

No entanto, era seu lado vampiro que dominava. Aquele lado sem emoções e que a única coisa que importa é a sua própria diversão.

– Lhe darei um minuto para correr. Deve ser o bastante para você correr para longe daqui, não é? – Edward continuou. Bella engoliu em seco como resposta.

– Vai. – Ele falou, docemente.

Bella sentiu a adrenalina correr pelas suas veias. Talvez, se ela fosse rápida, conseguisse realmente fugir. E ainda tinha sessenta segundos...

(Música: http://lindmidis.net/midis/trilhas/C/Crepusculo_-_Rob_Pattinson_-_Never_Think.mid )

Ela ganhou mais velocidade depois que se viu fora da antiga fábrica. Sabia que o único caminho era pela floresta. Porém, Bella tinha medo de se perder. E se Edward morava ali, ele devia conhecer a floresta como a palma da mão. De qualquer jeito, Bella já estava entre as árvores assim que terminou sua linha de raciocínio. Ela não poderia parar de correr.

Na verdade, o minuto já tinha passado. Edward já estava há cinco minutos na fábrica. Ele ainda podia ouvir os passos de Bella. Suspirou, sentindo o cheiro do sangue dela concentrado no divã. Mordeu o lábio inferior, pegou o móvel vermelho e o atirou contra uma das paredes. Edward sentiu a fábrica toda tremer e viu o divã cair no chão, quebrado. Ele soltou um grito de frustração e saiu atrás de Bella.

Bella ouviu o grito, mesmo que tenha parecido distante para ela. Forçou suas pernas a correrem mais rápido. As árvores passavam como um borrão diante dela e a arranhavam repetidamente. Bella só não sentia os machucados porque suas pernas doíam o bastante para o corpo inteiro. Mesmo assim, ela forçava todos os seus músculos. A tensão era demais para que ela pudesse sentir o prazer de correr. Sua mochila balançava a suas costas e Bella jogou-a na floresta, para que ela ficasse com menos peso.

Edward podia sentir que aquela garota realmente estava se esforçando para salvar sua vida. Era uma tamanha determinação que ele nunca tinha visto em nenhuma outra pessoa. Edward sentiu pena. Não queria matá-la, de verdade. Mas seu orgulho era maior. Seu lado vampiro era maior. Trincou os dentes e pulou nas árvores.

Avistou Isabella correndo mais do que seu corpo permitia. Mas, ainda assim, ela era mais lerda do que uma lesma, na visão de Edward.

Bella pensou em parar, para ver se Edward estava a seguindo. Ou talvez ele a tenha deixado fugir. Ela tentou pensar em qualquer possibilidade para não pensar nos olhos dele. O modo como eles mudaram de perigosos para perturbados...

O que estás fazendo, sua idiota? Ele ia te matar e você fica pensando os olhos dele? Bella xingou-se mentalmente.

– Corre, desgraçada, corre... – Ela murmurou consigo mesma.

Tentou correr mais, mas tropeçou em uma raiz alta de árvore. Ao cair, ela pôde jurar que viu um vulto saltando de uma árvore para outra. Isso a fez encher-se de pânico e Bella levantou, correndo a toda velocidade de novo. Porém, Edward estava na sua frente em um segundo, fazendo-a parar.

– Oh-oh, parece que eu te achei, querida. – Ele disse, sorrindo forçada e maliciosamente.

Bella soltou um grito pequeno e agudo e correu para outro caminho, fugindo de Edward. Não adiantou. Assim que ela deu o primeiro passo para o lado, Edward já estava em sua frente. Bella encarou Edward e, com o mínimo de coragem que lhe sobrara, disse:

– O que você quer de mim? – Perguntou, com a voz esganiçada.

– Calma, Bella. Vamos apenas brincar. – Ele sorriu. Por um momento, Bella se acalmou com o sorriso. Mas foi só por um segundo.

Edward avançou, andando devagar. Num momento, estava atrás de Bella, segurando seus dois braços para trás com uma das mãos. Com a outra, afastou os longos cabelos castanhos da garota e beijou seu pescoço. Edward teve que se controlar mais uma vez para não beber seu sangue naquele instante.

Bella estremeceu com a temperatura extremamente fria do garoto. Seu coração deu um pulo assim que os lábios dele encontraram a pele dela. Suas batidas cardíacas eram tão fortes contra seu peito que ela achou que seu coração iria sair pela boca.

Edward puxou ainda mais os braços dela para trás, na intenção de quebrá-los. Bella gritou. Edward poderia ouvir o estalo em três... Dois...

Ele soltou os braços. Bella ofegava.

– Eu não consigo... Não... – Edward sussurrava para si mesmo. Mas Bella pôde ouvir.

– Deixe-me ir, então. – Ela sussurrou.

– Não... – Ele respondeu. Edward tinha consciência de que era egoísta demais para se separar de Bella.

– Você é humano? – Bella perguntou, depois de segundos em silêncio. Sua voz já estava estável.

Edward hesitou antes de responder.

– Não.

– O que você é?

Ele demorou mais para responder à segunda pergunta.

– Algo ruim.

– Diga-me. – Bella insistiu.

– Eu sou... Sou um... Vampiro.

Bella congelou. Aquilo era um pesadelo. Só podia ser. Vampiros não existiam. Ele está brincando comigo, ela pensou.

– Diga a verdade. – Ela disse, em um fio de voz.

– É verdade. – Edward respondeu, surpreso. Ela devia estar gritando e correndo dele, não devia?

– Edward, vampiros não existem. – Bella riu de nervosismo.

– Quer provas?

– Por favor. – O sorriso que Bella tinha desapareceu assim que ela respondeu.

– Os olhos vermelhos não são lentes. Quando eu te achei no beco, fazia poucas horas que eu tinha caçado. Uma mulher. Provavelmente seu corpo ainda está num outro beco qualquer por aí. Como você explica minha velocidade? Sou mais rápido que você. Sou mais forte que você. Bella. Eu. Não sou. Humano. – Edward sibilou, terminando de explicar. Bella olhava para ele, confusa e fascinada.

– Conte-me mais. – Ela pediu, sorrindo.

Edward só teve um pensamento após essa pergunta: ela é insana.

(...)

– Você o matou? – Bella perguntou, tão empolgada quanto uma criança que ouvia a melhor história do mundo.

Ela sabia que estava agindo como uma retardada, mas, se Edward não a matara antes, por que razão mataria agora? E, de qualquer forma, Bella sempre se interessara pela história de vida das pessoas.

– Sim. Ele me matou e eu devolvi o favor. – Edward respondeu, irônico.

– Mas ele não te matou. – Bella disse, arqueando uma sobrancelha.

– Ele me transformou em vampiro, Bella. Vampiros são criaturas praticamente mortas. – Ele explicou. Ela assentiu.

– Você tem uma semelhança comigo. – Bella falou, depois de um tempo.

– Qual? – Edward perguntou, curioso.

– Você não gosta dessa vida. – Ela respondeu, virando o rosto para olhar para ele.

– Não é isso... – Edward se interrompeu.

Claro que era! Ele odiava ser vampiro. Admitiria isso para qualquer um – que soubesse do segredo. O que o fazia mudar de idéia agora?

A resposta estava na sua frente. Olhou para Bella e suspirou.

– O que foi? – Bella perguntou, estranhando.

– Eu não sei. Eu costumava fazer isso com as pessoas, sabe? Machucá-las. Era como uma brincadeira para mim. Mas, agora, não consigo te ver sofrer. – Ele admitiu, num sussurro.

Bella ficou em silêncio. Não sabia o que falar e não encontrava sua voz. Olhou fundo nos olhos de Edward. Aquele garoto lhe deixara em pânico há minutos atrás. Ele queria matá-la. E, por algum motivo, não conseguia.

Bella estava bem com isso, apesar de tudo.

– Bom... Então... – Ela forçou sua voz a sair. – Então você poderá ter uma companhia agora, não é? Quer dizer, ficar nessa fábrica sozinho deve ser chato.

Edward a olhou com os olhos arregalados.

– Eu acabei de te dizer que não consigo te matar, apesar de que isso seja normal pra mim, e você... – Ele deixou frase no ar, surpreso e incrédulo.

– Sinceramente, se você não consegue me matar, é uma grande razão para me deixar tranquila. E eu estou ao lado de um vampiro! Tem noção do quanto eu estou fascinada? – Bella perguntou, retoricamente. Ela sorria.

Edward sorriu também.

(...)

Bella passava as tardes com Edward e passou a dormir na antiga fábrica, junto com ele. Ele roubava comida para ela e conseguiu até um cobertor e um colchão para a amiga. Bella estava mais feliz do que se estivesse no orfanato, talvez.

Porém, Bella percebia que seu coração se comportava estranhamente feliz sempre que Edward sorria ou mexia nos cabelos.

Bella também estava se apaixonando. Por um vampiro. E sabia disso.

Mas ela não se importava.

– Edward, posso te fazer uma pergunta? – Ela disse, numa noite.

– Além dessa? – Ele riu.

– Engraçadinho. – Ela riu também. – Como se transforma uma pessoa em vampira?

Edward parou de rir e a encarou, sério.

– Por que quer saber disso? – Ele perguntou.

– Por... Curiosidade. – Ela mentiu. Edward estreitou os olhos.

– Não é interessante.

– Como? – Bella insistiu.

Ele respirou fundo antes de responder:

– Os vampiros têm veneno. E, uma vez que você morde a pessoa e não termina de sugar seu sangue, a pessoa fica com um pouco do veneno nas veias. Ela se transforma assim.

– Vo-você acha q-que pode me t-transformar? – Bella gaguejou, incerta da reação de Edward à sua pergunta.

Ele arregalou os olhos.

– Bella... – Edward suspirou antes de começar a falar: – Ser vampiro não é algo bom. Claro que há vantagens como a força e a velocidade, mas, se eu pudesse escolher, com certeza preferiria continuar humano.

– Mas você tinha uma vida. Tinha seus pais e um sonho que poderia ter se tornado realidade. Eu não tenho nada. Não tenho família, não tenho sonhos. Você me fará um favor se me transformar e nós dois sairemos felizes disso depois. – Ela argumentou.

– Eu não posso sair transformando as pessoas só porque elas têm dificuldades. Imagine como seria...

– MAS EU SOU SUA AMIGA! – Bella gritou, desesperada, tentando sua última cartada.

Ela tinha um sonho agora: virar vampira e deixar os sofrimentos humanos para trás. Nunca mais passaria frio e fome... Ela poderia correr o mundo como vampira, e saberia muito bem como se defender caso alguma pessoa tentasse matá-la, estuprá-la ou qualquer outra risco que ela corria quando estava nas ruas.

E, além do mais, tinha Edward. Ele ganharia uma amiga, não ficaria mais solitário no mundo. Sem falar que Bella não conseguia mais se imaginar sem Edward.

– Considere isso como um presente de Natal adiantado. – Edward disse, antes de avançar para a morena.

(...)

(Musíca: http://www.lindmidis.net/midis/entre/Lifehouse/Lifehouse_-_You_And_Me.mid )

– Edward, você é muito lerdo! – Gritou a garota com sua voz de sinos.

Ela era linda. Tão linda quanto o garoto que corria atrás dela. Os cabelos castanhos caiam em ondas até um palmo acima da cintura. Seus olhos eram tão vermelhos que lembravam dois rubis cintilantes. Sua pele era branca como a neve. E qualquer um que a olhasse ficaria encantado.

Isso era muito útil na hora de caçar as vítimas.

Assim como Edward, Bella também tomava sangue humano. Ela tentara tomar sangue animal porque a idéia de matar pessoas deva-lhe repulsa no começo, mas isso era como um ser humano vivendo à base de metal. Impossível e inútil. Edward a convenceu dizendo-lhe que pessoas da escória – mendigos, prostitutas, drogados sem-teto – poderia ter problemas em suas vidas, assim como Bella tinha. Acabar com o sangue de seu corpo era quase uma gentileza.

E como Bella agora era uma recém-criada, ela conseguia ser mais rápida que Edward.

– Isso não vale! – Edward gritou, rindo.

– Claro que vale, você que não admite perder para uma garota! – Bella gargalhou.

Edward pôs todo o esforço em suas pernas e conseguiu alcançar Bella. O problema foi que os dois se chocaram e acabaram caindo no chão. Eles riram mais alto ainda.

– Belo presente de Natal que você me dá, jogando-me no chão. – Bella comentou, enquanto Edward saía de cima dela e ela se endireitava para deitar de barriga para cima. Ela olhou para o céu nublado e riu mais um pouco.

– O que me faz lembrar que você ainda não me deu nenhum presente, Bella. Que feio, pleno vinte e cinco de dezembro e você não dá nenhum presente ao seu melhor amigo. – Ele fingiu reprovar a ação dela.

Bella parou de rir e levantou-se, apoiando seu peso num cotovelo para olhar Edward. Ele fez a mesma coisa. Ela sorriu fracamente e respirou fundo.

– Feliz Natal, Edward. – Foi o que ela disse antes de beijá-lo.

Como ambos não precisavam respirar, o beijo durou mais que o normal. Porém, Edward os separou apenas para dizer, com um sorriso largo:

– Feliz Natal, querida.

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